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Região teve a maior safra de inverno dos últimos anos

Colheita desta safra de 2021 rendeu a maior safra de inverno dos últimos anos, com crescimento no trigo e recorde de cevada

Produção de cevada foi recorde
Produção de cevada foi recorde -

Fernando Rogala

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Colheita desta safra de 2021 rendeu a maior safra de inverno dos últimos anos, com crescimento no trigo e recorde de cevada 

Nem todos os produtores rurais da região dos Campos Gerais tiveram a safra de inverno que imaginaram. Fenômenos climáticos impactaram de forma negativa na produção de diversos cultivares, resultando em perdas não apenas na produção, mas também em qualidade. Primeiro foi a geada, depois a estiagem e, por último, o excesso de chuvas no momento da colheita. Apesar de tudo isso, desses três extremos, com o término da colheita na segunda quinzena de novembro, percebeu-se que a retração na produtividade foi menor do que chegou a ser cogitado – tanto que foi a maior safra de inverno dos últimos anos, com quase 700 mil toneladas retiradas em cinco cultivos diferentes. As informações são do núcleo regional do Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (SEAB).

“Durante o ciclo das culturas, houveram vários eventos: fortes geadas no final de julho, que afetaram parte das culturas; logo depois teve uma estiagem, uma falta de chuva; e em outubro tivemos o excesso de chuva, que afetou parte da qualidade dos grãos. Em função disso, houve pequena redução, não tanto quanto se esperava, porque a previsão era até de haver quebra maior”, recorda o economista do Deral na região, Luiz Alberto Vantroba. Segundo ele explicou, as maiores perdas ocorreram com os agricultores que plantaram no início da janela de plantio, em maio.

O principal produto da safra de inverno na região é o trigo. Dos mais de 225 mil hectares plantados nesta safra 2021, quase 70% foi deste cultivar, que preencheu, no início do plantio, 155,3 mil hectares dos 18 municípios abrangidos pelo núcleo regional do Deral. Ao final da colheita, chegou-se a 151.450 hectares de área produtiva (parte da produção foi perdida, da qual os produtores de cerca de 2,5 mil hectares foram indenizados pelo seguro rural). A média produtiva ficou estimada próxima de 3,6 mil quilos por hectare, resultando em uma produção de cerca de 550 mil toneladas. “Ficou um pouco abaixo do esperado. Esperávamos entre 3,5 mil e 3,9 mil quilos por hectare”, explicou Vantroba. Foi a maior produção dos últimos cinco anos, inferior apenas aos 559,8 mil da safra 2015/16. A região é a maior produtora de trigo do Estado, representando cerca de 17% dos 3,2 milhões de toneladas previstos no Paraná neste ano.

Porém, nem tudo disso pôde ser aproveitado pelas indústrias. Isso ocorre porque a qualidade do grão é algo importantíssimo para a industrialização: se o PH não está no nível ideal, e o índice falling number não chega ao desejado, o produto não pode ser utilizado para seu principal destino, a produção de farinha/panificação. “A qualidade caiu bastante, principalmente nas áreas colhidas em outubro, que incidiu com recorde de chuvas, que passaram de 300 milímetros. Isso prejudicou qualidade”, declarou Vantroba, informando que o momento da colheita é muito sensível neste cultivar. A estimativa é de que cerca de 60% da colheita foi enquadrada no tipo 1 (recomendada para panificação), 25% para o tipo 2, cerca de 10% para o tipo 3 e cerca de 2% fora do padrão. “Quanto melhor a qualidade, melhor o preço”, reforça o economista.

Além disso, o trigo teve um preço favorável nesta e na safra anterior (na casa de R$ 90 a saca de 60 kg neste ano), gerando renda e não ‘empatando’ ou perdendo, como em anos anteriores. Ainda assim, os agricultores optam sempre por plantar trigo, porque da colheita resulta em uma cobertura de solo para praticar o Plantio Direto na Palha, favorecendo a safra de verão. Além do trigo e da cevada, há outras três principais cultivares nos Campos Gerais: aveia, centeio e triticale.

Aveia é destaque nos Campos Gerais 

A região dos Campos Gerais também se destacou, em 2021, como a segunda maior produtora de aveia do estado. Da região, foram colhidos, neste ano, 46,9 mil toneladas, o equivalente a 25% de toda a produção estadual (190 mil toneladas), retirados de uma área de 21,1 mil hectares, o que a coloca como terceira maior área produtiva de inverno, perdendo para a cevada – o trigo sempre foi a maior produção. Em 2020, Tibagi foi o maior produtor de aveia no Paraná. A região também é a segunda maior produtora em triticale, com quase 6,5 mil toneladas produzidas em 2,1 mil hectares (27% da produção estadual), e a terceira maior produtora de centeio em 2021, atrás apenas da região de Irati e Guarapuava, com quase 1,2 mil tonelada produzida nos 735 hectares cultivados nos Campos Gerais. Em 2020, entre as 10 cidades que mais produziram centeio no Brasil, seis estavam nos Campos Gerais.

Produção de cevada atinge 80 mil toneladas

Outro cultivar importante para a região é a cevada – dos 20 maiores produtores nacionais, nove são municípios dos Campos Gerais, segundo levantamento realizado em 2020 pelo IBGE. Matéria-prima para a produção cervejeira, esse cultivar ocupou 21,4 mil hectares nesta safra 2021 nos 18 municípios da regional, o maior valor desde o início deste plantio. A expectativa é de que a colheita tenha resultado em uma produção de aproximadamente 80 mil toneladas. Contudo, assim como o trigo, parte dessa produção foi afetada e a qualidade, em algumas localidades do núcleo regional, não atingiu as características desejadas para a industrialização. De acordo com Vantroba, o esperado era render entre 3,8 mil e 4,2 mil quilos por hectare, e a estimativa de produção, de modo geral, está entre 3,9 mil e 4 mil quilos por hectare.

“A cevada também passou pela mesma coisa: a geada forte, seca e depois de excesso de chuvas na hora da colheita. Apesar dessas adversidades climáticas, a perda não foi tão grande. E, quanto à qualidade, a cevada deu parecido com o trigo: 60% com boa qualidade”, informou Vantroba. Portanto, essas cerca de 50 mil toneladas foram destinadas para a industrialização, para o malte de cevada “A cevada precisa ter classificação com os itens exigidos pela indústria, que seria PH de 58 ou acima, germinação de 95% ou acima, e proteína de 9 a 12,5”, esclarece o economista.

Os cerca de 30 mil hectares restantes, contudo, terão outra destinação, como produção de ração, utilizados para forrageira. Assim como no trigo, parte da produção foi perdida e os agricultores recorreram ao seguro rural. “Passa de 100 hectares que foram perdidos pela geada. Isso ocorre quando o cultivar está na fase de espigamento, e as áreas que ficaram mais susceptíveis na época foram principalmente nas baixadas, onde os danos foram maiores”, informou. 

Fazenda tem rendimento acima da média regional

Como toda regra tem sua exceção, em algumas propriedades a produtividade na safra de inverno foi bem acima da média. Um desses exemplos é da Fazenda Campina do Tigre, onde não apenas a produtividade foi superior em dois dígitos da média regional, como também teve alta qualidade, tanto no trigo quanto na cevada. A prova é que 100% do trigo foi enquadrado como tipo 1, ou seja, propício para panificação, e 90% da cevada colhida passou como propícia para se tornar malte para o mercado cervejeiro. 

Para esta safra de inverno, a fazenda destinou 112 hectares para o plantio de trigo e 90 hectares para o plantio de cevada. E o resultado foi de 76,44 sacas colhidas por hectare no trigo (4.586 quilos por hectare) e 87,6 sacas por hectare na cevada (5.256 quilos por hectare) - ambos em valor líquido, e não bruto. A média regional foi de 3,6 mil no trigo e 3.860 na cevada, o que mostra uma eficiência superior da fazenda em 27,3% e 36,16%, respectivamente.

O empresário Marcio Krzyuy, que comanda CT Agropecuária e Participações Ltda, holding rural agrícola que administra a fazenda Campina do Tigre, localizada em Teixeira Soares, explica que foi uma série de fatores que contribuíram para esse resultado. O plantio da cevada foi iniciado em 12 de junho, e o trigo cerca de 15 dias depois. “As chuvas vieram no momento certo. Mas nós fazemos um trabalho bem diferenciado, focando muito na bioativação, diminuindo muito os produtos químicos e indo mais na linha de biológicos. Então o trabalho de solo é bem forte, com muita tecnologia, e isso faz com que o plantio aguente mais à seca e intempéries”, resume. 

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