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Estiagem causa R$ 16,8 bi em prejuízos no agro paranaense

Falta de chuvas castiga a produção de soja, milho, feijão, entre outros produtos. Somente na soja a perda passa de 8 milhões de toneladas

Colheita desta safra 2021/2022 será um terço abaixo do esperado
Colheita desta safra 2021/2022 será um terço abaixo do esperado -

Fernando Rogala

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Falta de chuvas castiga a produção de soja, milho, feijão, entre outros produtos. Somente na soja a perda passa de 8 milhões de toneladas

A escassez de chuvas no Estado do Paraná nestes últimos meses de 2021 afetou, de forma irreversível, uma parte expressiva da produção agrícola estadual. A situação da falta de chuvas é tão crítica que o Governo do Estado publicou, no Diário Oficial do Estado do dia 30 de dezembro de 2021, o Decreto nº 10.002, declarando situação de emergência em todo o território paranaense, “em virtude do desastre classificado e codificado como estiagem”. E isso foi desastroso para o agronegócio: Norberto Ortigara, Secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento (SEAB), revelou que as perdas para o setor no estado já somam R$ 16,8 bilhões.

Ortigara revelou essa informação em reportagem ao Jornal Valor Econômico, explicando que essas perdas são observadas não só nas commodities, como soja e milho, mas também em produtos como feijão, batata, silagem, leite, hortaliças, laranja, entre outros itens agropecuários. “Estamos enfrentando uma profunda crise hídrica nos últimos meses, e já há dois anos, talvez a maior da história recente no último século pelo menos. Essa crise fez perder muita produção em 2021”, revelou Ortigara, em um vídeo publicado pela SEAB.

Na soja, o Estado partiu de uma base de colheita de 21 milhões de toneladas na primeira safra neste ciclo 2021/22, a qual seria a maior safra deste grão da história do estado. Em meados de dezembro, essa previsão já foi revista, caindo para 18,4 milhões, ou seja, já quase 7% inferior aos 19,8 milhões de toneladas da safra passada. Agora, porém, o Estado já trabalha com uma projeção 8 milhões de toneladas inferior, que dá uma quebra superior a um terço do que era esperado. Somente este fato trata uma perda superior a R$ 14,3 bilhões, informou Ortigara à reportagem do Valor.

No caso do milho de verão, a retração será ainda maior. A quebra esperada na produção é superior a 42%, o que representaria quase 1,8 milhão de toneladas, em prejuízo na casa de 1,6 bilhão. E isso sem falar que o Milho Safrinha teve uma retração de aproximadamente 9 milhões de toneladas, segundo a publicação. No feijão, as perdas estimadas em quase 50 mil toneladas, ou seja, quase 20% do esperado. Até mesmo a atividade leiteira foi impactada: a seca nos pastos trouxe uma redução na produção de leite e um prejuízo estimado na casa dos R$ 400 milhões.

Na região dos Campos Gerais, a situação não é tão crítica, afirma o economista do núcleo regional do Departamento de Economia Rural em Ponta Grossa, Luiz Alberto Vantroba. No caso da soja, a redução está na casa de 7%, ao passo que no milho está nos 30%. A situação mais delicada é do feijão, na casa de 35%. A situação se agravou especialmente em dezembro, onde caiu menos da metade do esperado de chuva. “Em novembro, choveu pouco, a média é de 125 milímetros e choveu apenas 87 mm, enquanto que em dezembro o esperado era de 150 e choveu 72. Além da falta de chuva teve altas temperaturas, vento e forte insolação, fatores que contribuíram para o ressecamento do solo, prejudicado as culturas”, resumiu.

Perdas na região são menores por diferentes fatores

Apesar de 7% parecer um valor baixo, nos Campos Gerais isso representaria uma baixa de aproximadamente 150 mil toneladas. Isso faria a projeção de 2,13 milhões de toneladas cair para 1,98 milhão de toneladas. “Há anos não temos uma perda significativa na soja. Ela é uma cultura sem grandes frustrações, então esse ano pegou de surpresa, pela irregularidade do clima. É uma pena, porque os produtores estão preocupados”, revelou o economista. Sobre as perdas estarem inferiores à média estadual, a justificativa é a localização e o clima dos Campos Gerais. “Aqui o plantio é mais tardio, ao contrário do Oeste e Sudoeste do Paraná, que já pegou a seca na formação de grãos, que é o período que mais a planta necessita de água. Aqui o ciclo ocorre um pouco mais tarde, então se chover, ainda recupera. E sem falar que as chuvas foram melhores aqui do que lá, o que ainda está dando um pouco de sustentação”, conclui.

MAPA e Estados discutem apoio a produtores afetados

O secretário-executivo do Mapa, Marcos Montes, e o secretário de Política Agrícola (SPA), Guilherme Bastos, reuniram-se nesta segunda-feira (3) com secretários de Agricultura dos estados da Região Sul e de Mato Grosso do Sul, afetados pela estiagem. No encontro, os secretários estaduais relataram as dificuldades enfrentadas pelos produtores rurais em razão da seca. Diante do cenário, o Mapa avalia a possibilidade de intermediar com as instituições financeiras a prorrogação do pagamento das dívidas dos produtores desses estados, além do estudo de apoio de crédito adicional aos produtores dos municípios em que o estado de emergência foi decretado pelo Governo Federal.

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