Projetos de biogás podem movimentar R$ 48 mi na região

Termo firmado neste mês de março entre o Sebrae, CIBiogas e Unido viabilizará os investimentos

Região caracterizada pela forte presença no agronegócio nacional, com municípios que se destacam entre os com maior VBP do Brasil, os Campos Gerais apresenta um grande potencial de geração de energia a partir de resíduos de animais: o biogás. Por esse motivo, a região, junto com o Oeste paranaense, foi escolhida para desenvolver sua utilização no Sul do Brasil. Há uma estimativa de que possam ser movimentados mais de R$100 milhões nos próximos três anos em projetos de energia sustentável, e os municípios dos Campos Gerais podem absorver uma fatia desse ‘bolo’, atraindo quase R$ 50 milhões. 

O que viabilizará esses investimentos é um termo firmado, neste mês de março, pelo Sebrae Paraná, CIBiogás (instituição instalada no Parque Tecnológico de Itaipu) e Unido (órgão das Nações Unidas destinado ao desenvolvimento industrial). O objetivo é desenvolver ações e projetos conjuntos para o fortalecimento da produção de biogás e biometano nas pequenas empresas e cadeias produtivas do agronegócio. “Há dois anos fizemos um estudo prévio junto com uma cooperativa e identificamos um grande potencial de uso de biogás de geração e uso de biogás, seja para geração de energia elétrica e utilização veicular. Junto, fizemos estudo eólico, de termelétricas e fotovoltaico, mas o que se mostrou mais viável economicamente foi justamente o de biogás aqui na região”, informou Joel Franzim Junior, gerente regional do Sebrae, em entrevista ao vivo ao portal aRede.

O ponto mais positivo de tudo é que a geração do gás movimenta toda uma cadeia sustentável, que não apenas elimina passivos ambientais, que trazem gastos com o descarte correto, mas também pode se reverter em ganho financeiro com a utilização da energia. “Hoje os produtores de leite, de suínos, têm esse passivo ambiental. Os resíduos não podem ser despejados em qualquer lugar, como um rio. Então tem toda essa tecnologia de levar para um biodigestor, fazer todo um processamento, e no final desse processo, gera o biogás e ainda ao final desse processo tem o biofertilizante”, acrescenta Franzim. 

Segundo o levantamento feito há dois anos, se a região precisa, por exemplo, de entre 450 e 500 mil kW por mês de energia, com o biogás é possível gerar quase 1,9 milhão de kW. “Então atende à demanda e ainda sobra. E isso pode beneficiar o setor agrícola, as indústrias que estão se instalando, com uma energia mais barata e segurança energética. Temos condições de manter geradores com biogás ao invés de diesel, então é um sistema realmente limpo e que economicamente viável”, destaca.

Potencial superior a R$ 100 milhões

Será um investimento bastante completo construído, integrado, inclusive com a possibilidade da construção de gasoduto. Os dados agrícolas estão sendo atualizados e a partir disso será feita a organização de uma governança territorial. Quando questionado sobre o quanto pode movimentar na região nos próximos três anos, Joel Franzim foi enfático. “Em um primeiro momento até a construção da metodologia, estamos falamos de um investimento por parte das Nações Unidas em torno de R$ 48 milhões. E paralelo a isso, olhando para o ‘business’, a atração de financiamentos intencionais, porque o apelo de energia limpa tem uma avaliação muito boa em outros países, então bancos interacionais já sinalizaram a possibilidade de investimentos de mais de R$ 100 milhões para o desenvolvimento da cadeia de fornecimento”, completou.