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Sócio da Belcher admite que chegou ao governo por Barros

Empresa Farmacêutica se ofereceu para ser a intermediária da vacina chinesa CanSino; proposta envolveria a compra de 60 milhões de doses ao custo de R$ 5 bilhões.

Sócio da Belcher Farmacêutica, Emanuel Catori, durante oitiva da 'CPI da Pandemia'.
Sócio da Belcher Farmacêutica, Emanuel Catori, durante oitiva da 'CPI da Pandemia'. -

Rodolpho Bowens

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Empresa Farmacêutica se ofereceu para ser a intermediária da vacina chinesa CanSino; proposta envolveria a compra de 60 milhões de doses ao custo de R$ 5 bilhões

Em depoimento à  Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, o sócio da Belcher Farmacêutica, Emanuel Catori, confirmou, nesta terça-feira (24), que foi levado ao Ministério da Saúde para negociar a venda da vacina CanSino pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP). A CPI apura acusações de que o deputado atuou, com a ciência do presidente Jair Messias Bolsonaro (sem partido), em esquemas de superfaturamento na compra de imunizantes contra o coronavírus pela pasta. A empresa de Emanuel, situada na cidade de Maringá (PR), se ofereceu para ser intermediária da vacina chinesa CanSino junto ao Ministério da Saúde com uma proposta que envolveria a compra de 60 milhões de doses ao custo de R$ 5 bilhões. Isso equivale a R$ 83 por dose, valor 70% acima do que o estipulado para as vacinas da Coronavac e da Pfizer.

As indagações sobre quem seria o facilitador da Belcher no Ministério partiram do relator, o senador Renan Calheiros (MDB). Após o depoente afirmar que a Belcher não teve “facilitador político” para aproximação com o Ministério da Saúde, Renan apontou contradição e disse que a empresa e o laboratório chinês CanSino assinaram termo de confidencialidade em 6 de abril de 2021.

Renan também levantou a hipótese de que a reunião marcada pelo líder do governo na Câmara, com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e com a participação da Belcher foi realizada quando a empresa já tinha interesses e todas as informações sobre a vacina Convidecia.

Novamente indagado sobre quem intermediou a ida dele ao governo, Emanuel Catori admitiu que Ricardo Barros o levou para reunião no Ministério da Saúde.

O senador Humberto Costa (PT) chamou a atenção, então, para o fato de não existir ata da reunião e o encontro só foi revelado por conta de uma foto publicada nas redes sociais. Omar Aziz (PSD) questionou o motivo de um prefeito ter participado, já que a reunião seria destinada a empresários.

Histórico das reuniões

Ao iniciar o depoimento, Emanuel Catori afirmou que Belcher Farmacêutica foi a responsável legal e representante necessária do escritório CanSino no Brasil entre 19 de abril a 10 de junho de 2021. "A Belcher era parceira institucional e técnica da CanSino no Brasil, sendo responsável por assumir riscos farmacológicos e todas as obrigações legais e sanitárias da referida vacina. Em 16 de junho apresentamos à comissão [parlamentar de inquérito] informações detalhadas da atuação da Belcher com 11 conjuntos de documentos e 16 notas explicativas mostrando as responsabilidades assumidas".

De acordo com ele, a primeira comunicação da Belcher com o Ministério da Saúde foi por e-mail em 12 de maio de 2021. Já no dia 19, uma equipe técnica do departamento de imunização recebeu representantes da companhia. Após esta primeira reunião, a Belcher trocou e-mails com equipe de secretaria de vigilância sanitária e, posteriormente, passou por duas reuniões com o secretário-executivo do órgão, Rodrigo Cruz. Isto em 20 e 26 de maio.

A principal dúvida que recai sobre a Belcher é a relação dele com o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros que tem reduto eleitoral na mesma cidade onde está sediada a Belcher, isto é, Maringá. O parlamentar se diz "amigo pessoal" de Daniel Moleirinho Feio Ribeiro, outro sócio da empresa. Para os senadores, Ricardo Barros, considerado peça central no escândalo das vacinas da Covaxin, esteve presente nas negociação suspeita, ajudando a Belcher a abrir contatos dentro do Ministério da Saúde.

A Belcher é uma das envolvidas na operação "Falso Negativo" na qual a Polícia Civil do Distrito Federal investiga a atuação da empresa em esquemas de superfaturamento na venda de testes rápidos de covid-19. Segundo o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede), Catori também teve participado de reuniões com outros empresários, como Luciano Hang e Carlos Wizard, para tratar da compra de vacinas.

Na quarta-feira (25), a CPI deve ouvir o diretor do FIB Bank, Roberto Pereira Ramos Júnior. Na quinta-feira (26), será a vez do ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco de Araújo Filho.

Em fala nos corredores do Congresso, o senador Renan Calheiros  afirmou que as aferições da comissão são importantes porque revelam um novo atravessador do ministério da Saúde, podendo expor uma ligação mais forte com Ricardo Barros. "São ligações óbvias que envolvem parentescos. Temos a comprovação de que o Ricardo Barros, líder do governo Bolsonaro, levou o representante da Belcher para conversar com o ministro Queiroga, inclusive"

Renan reiterou que todos que precisam ser ouvidos o serão, adicionando ainda que é natural que aconteça um esvaziamento da CPI. "É natural, regimental, não vejo nenhuma incompatibilidade. A sabatina tem que caminhar".

Com informações: Congresso em Foco.

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