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Câmeras que flagrariam morte de jovem no PR estavam desligadas

Equipamentos acoplados aos guardas municipais que estavam na ocorrência que terminou com morte do adolescente Caio Souza Lemes não funcionaram

GM alega que jovem reagiu a abordagem e estava armado; moradores negam
GM alega que jovem reagiu a abordagem e estava armado; moradores negam -

Da Redação

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As câmeras corporais acopladas às fardas dos agentes da Guarda Municipal (GM) envolvidos na abordagem e morte do adolescente Caio José Ferreira de Souza Lemes, 17 anos, estavam desligadas. A informação foi confirmada pela Prefeitura de Curitiba à Banda B nesta terça-feira (28).

À reportagem, a Guarda Municipal informou, por meio da prefeitura, que a corregedoria da corporação segue apurando a conduta dos agentes envolvidos na morte do adolescente. No entanto, o órgão não deu detalhes e motivos para o não funcionamento das câmeras corporais, embora a orientação seja que elas se mantenham ligadas entre o início e fim de cada ocorrência.

“Dado o caráter reservado da investigação, a Guarda Municipal não pode divulgar informações até a conclusão dos trabalhos, a fim de não prejudicar a investigação”, afirmou a GM.

Em novembro do ano passado, a prefeitura divulgou que 16 unidades da GM nas dez regionais de Curitiba já utilizam o equipamento. Havia a previsão de que 515 câmeras estivessem disponíveis para uso nos uniformes até o fim de 2022. A assessoria do Palácio 29 de Março confirmou à Banda B que a meta foi cumprida. As imagens são transmitidas em tempo real para uma central.

Em São Paulo, a título de comparação, o uso de câmeras em fardas de policiais militares reduziu em 57% o número de mortes decorrentes de intervenção policial se comparado ao período em que os equipamentos não eram utilizados, segundo estudo divulgado pelo jornal O Estado de S.Paulo. Segundo o estudo, 104 mortes foram evitadas nos primeiros 14 meses de introdução das câmeras, considerando apenas a região metropolitana da capital paulista. Sobre os casos de lesões corporais que envolveram ações da polícia, houve queda de 63%.

Guardas municipais são afastados

A GM decidiu afastar os agentes envolvidos na morte do adolescente. Caio José Ferreira de Souza Lemes morreu depois de ser atingido por disparos de arma de fogo durante uma suposta abordagem, no sábado (25), entre o bairro Campo Comprido e a Cidade Industrial de Curitiba.

“Até que a investigação seja concluída, conforme regulamento interno, os envolvidos seguem afastados das atividades operacionais”, diz trecho da nota enviada à reportagem pela corporação.

O Secretário Municipal da Defesa Social e Trânsito, Péricles de Melo, disse que a Polícia Civil investiga o caso, o qual também foi levado ao Ministério Público. “Essa situação será apurada com todo rigor necessário para dar uma satisfação à família e à comunidade”, afirmou ele.

A morte do adolescente

Em entrevista à Rádio Banda B logo após a ação, o supervisor da GM Rubin disse que os disparos foram efetuados após o jovem ter reagido à abordagem. Segundo o agente, ele estava armado com uma faca de 25 cm, que teria sido retirada de um boné.

“Foi uma situação de abordagem em que um cidadão reagiu e acabou sendo atingido pelo guarda municipal. Não temos informações se ele mora na região ou algo parecido”, declarou o supervisor no sábado (25).

Familiares e amigos do estudante contestaram a versão apresentada pela GM sobre a suposta reação à abordagem. À reportagem, uma amiga da família de Caio – que preferiu não se identificar – afirmou que a ação ocorreu no momento em que a vítima ia até um mercado.

“Foi abordado, levou um esporro dos GMs, um tapa na cara e, quando saiu, levou tiros. Não estava com faca e não estava com drogas. Ele sequer usava drogas”, disse ela. “Foi correr porque ficou com medo. Ele levou dois tiros, um no queixo, que saiu em cima na cabeça, e o outro na mão. Ele tinha 17 anos. Estava na casa de um amigo, saiu para comprar alguma coisa e houve a abordagem. Não estava fazendo furto algum”, prosseguiu a tia do garoto, Joseane Lemes.

Gaeco acompanha investigação

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público do Paraná (MPPR), afirmou nesta terça (28) que vai acompanhar as investigações em torno da morte do estudante.

Protesto

Dezenas de pessoas se reuniram no endereço onde Caio foi morto, na manhã desta terça-feira (28), para manifestar contra a corporação e cobrar justiça. O protesto aconteceu na rua Herondina de Freitas Ribeiro.

“Essa abordagem foi completamente despreparada, infeliz e absurda. Abordaram meu filho, bateram no meu filho e deram um tiro na cabeça do meu filho. Quero entender como é esse treinamento. Nada vai trazer meu filho de volta, mas quero respostas sinceras, não quero mentira, não quero que subestimem minha inteligência”, disse a mãe de Caio, Lilian Ferreira da Silva, à Banda B.

As informações são da Rádio Banda B

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