Crônicas dos Campos Gerais: “Máscaras aqui e acolá” | aRede
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Crônicas dos Campos Gerais: “Máscaras aqui e acolá”

Texto de autoria de Murillo Emanuel de Lara, estudante de Administração da UEPG e estagiário da Prefeitura de Ponta Grossa

Murillo Emanuel de Lara estagiou no Banco do Brasil por dois anos como menor aprendiz e lá realizou atividades de cunho administrativo e de gestão. Realizou também cursos de informática básica e avançada, assim como o curso de inglês. Atualmente, é graduando do curso de Administração na UEPG.
Murillo Emanuel de Lara estagiou no Banco do Brasil por dois anos como menor aprendiz e lá realizou atividades de cunho administrativo e de gestão. Realizou também cursos de informática básica e avançada, assim como o curso de inglês. Atualmente, é graduando do curso de Administração na UEPG. -

Da Redação

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Texto de autoria de Murillo Emanuel de Lara, estudante de Administração da UEPG e estagiário da Prefeitura de Ponta Grossa

Mais um dia normal na vida do Seu Joaquim. Normal na medida do possível. Com quase um ano de pandemia e de máscaras no rosto ─ Deus, como as odiava ─, já fazia algum tempo que o Seu Joaquim não via o parque recheado de crianças e os bares da vizinhança cheios com seus velhos amigos que se reuniam toda sexta para tomar aquela cervejinha em um copo americano, mas ele ia sobrevivendo como podia, ele e a Dona Marta, sua esposa.

            Nesse dia em específico, ele saiu de casa para ir ao centro da cidade pagar seu boleto da internet ─ no mês anterior haviam cortado sua internet, ele não queria que isso se repetisse, não hoje ─, mais tarde Teodoro e Sampaio iriam fazer uma live no YouTube e ele não queria perder, justo agora que tinha aprendido a “lidar” nessas coisas. Seu filho, Roberto, estava viajando e não poderia pagar seu boleto e a sua filha mais nova, Aline, estava passando o final de semana na casa do novo namorado, um tal de Jonatan, ou qualquer coisa parecida. Seu Joaquim não gostava dele e não aprovava esse namoro. Seguiu seu caminho em direção ao ponto de ônibus, até que viu a Dona Elizabeth, sua vizinha há anos, sempre se reuniam para tomar um chimarrão e falar mal dos vizinhos que acabaram de se mudar para o bairro. Ao avistá-la, não hesitou em falar: ─ Bom dia, Dona Bete, bão? Como está tudo? ─, ela abaixou a cabeça e passou reto por ele. ─ Deve ter brigado com o Seu Alfredo ─, pensou.

            Seguiu seu caminho e procurou não pensar sobre o assunto. Chegando ao ponto de ônibus, que estava cheio, notou algumas pessoas olhando torto para ele e algumas se afastaram. ─ As pessoas não têm mais respeito com os mais velhos como antigamente ─, matutou aborrecido.

            O ônibus chegou, todos entraram e quando chegou a vez do Seu Joaquim entrar, ouviu: ─ Sinto muito, senhor, mas não pode entrar, não ─. Ele poderia aturar desaforo dos vizinhos, mas do motorista de ônibus já era exagero. Retrucou: ─ E quem é você para dizer se eu posso ou não entrar? ─, foi só então que ele ergueu a cabeça e olhou para o rosto do motorista e notou que ele usava uma mascara azul com um bordado escrito “VCG” e percebeu o que estava acontecendo.

            Ele havia esquecido a sua máscara na cabeceira da cama. 

Texto produzido no âmbito do projeto Crônica dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais.

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