Crônicas dos Campos Gerais: “Time bom pra cachorro” | aRede
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Crônicas dos Campos Gerais: “Time bom pra cachorro”

Texto de autoria de Rosicler Antoniácomi Alves Gomes, professora de Português e Inglês de Ponta Grossa

Rosicler Antoniácomi formou-se em Letras pela UEPG, e lecionou Português e Inglês, após ter se aposentado do Banco do Brasil.
Rosicler Antoniácomi formou-se em Letras pela UEPG, e lecionou Português e Inglês, após ter se aposentado do Banco do Brasil. -

Da Redação

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Texto de autoria de Rosicler Antoniácomi Alves Gomes, professora de Português e Inglês de Ponta Grossa

Sentado com a postura ereta numa das cadeiras da seção de sócios, os olhos vivos e os ouvidos atentos a qualquer movimento no campo, ele parece diferente dos demais torcedores pelo fato de não expressar palavra. Nada a dizer: nem palavrão ou xingamentos para o juiz, nem palavras de incentivo ou aplauso pelas jogadas.

Ninguém mais se importa com ele ali sentado, acostumados com sua presença. É como um talismã de sorte, desde que começou a frequentar aquela seção reservada das arquibancadas.

Operário Ferroviário Esporte Clube, o Fantasma da Vila, estava em excelente campanha. Naquele ano sagrou-se campeão paranaense da primeira divisão.

Dos torcedores que assistiam não só as partidas em casa, mas também aos treinos, ele era o mais ansioso à espera da entrada em campo dos guerreiros alvinegros. Nesse momento saltitava, como se uma corda o prendesse para que não desandasse arquibancada abaixo para entrar em campo também, e correr atrás da bola.

Alguns torcedores, no início, achavam estranha sua presença, afinal, ele era um "diferente" e isso incomodava. Tentaram até bani-lo, impedir que adentrasse ao Estádio Germano Krüger em dias de partida em casa.

Nada o impedia. Estava sempre lá. De início, sorrateiramente, ocupando lugares discretos, andando de cabeça baixa por entre os demais torcedores, evitando encarar, para passar despercebido.

Mas a boa campanha do Fantasma, aos poucos, começou a ser associada à sua presença, e ele começou a ser alvo de agrados, para que se sentasse junto a esse ou aquele grupo de torcedores. Virou celebridade. Saiu no jornal, no youtube, nas redes sociais.

Todos o queriam por perto, até que foi parar na seção reservada dos sócios. E entre os torcedores mais empenhados, lá estava, em todas as partidas em casa, um belo vira-lata de pelos arruivados, postura ereta na cadeira, atento ao jogo.

É o Cachorro do Fantasma, baita torcedor de um time bom pra cachorro. Ser torcedor do Fantasma rendeu-lhe agrados, comida farta, até cervejinha. E se não fosse um vira-lata de boa estirpe, que ama sua liberdade, não teria escolhido por matilha a carismática torcida alvinegra, que o acolheu como a um igual, apesar da diferença.

Texto escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais.

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