Crônicas dos Campos Gerais: Um diálogo áspero em baile de carnaval | aRede
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Crônicas dos Campos Gerais: Um diálogo áspero em baile de carnaval

Texto de autoria de Alberto Jorge Bittencourt, advogado, Tibagi, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

Texto de autoria de Alberto Jorge Bittencourt, advogado, Tibagi, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais
Texto de autoria de Alberto Jorge Bittencourt, advogado, Tibagi, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais -

Da Redação

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Texto de autoria de Alberto Jorge Bittencourt, advogado, Tibagi, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

Tornou-se uma referência na história não escrita de Tibagi, a figura de Gasparino de Sá Bittencourt (1887-1952), o que se deu pela forma de ver, interpretar e falar das coisas de sua época. Filosofava ao seu modo meio agauchado, expressando seu apego à tradição, à moral, aos costumes da gente ligada à terra dos Campos Gerais, com raízes mais distantes voltadas ao Sul do Brasil.

Numa situação bem interessante, Gasparino ─ que, evidentemente não era muito afeito a festejos carnavalescos ─ foi ao clube da cidade acompanhar as filhas solteiras que desejavam participar do baile, como seria normal num evento desses. Chegando ao clube, tomou a mesa já reservada e sentou-se com as moças. Claro que Gasparino não estava fantasiado. Vestia sua tradicional bota de couro, calça social, paletó e lenço no pescoço. Sisudo, acompanhou as primeiras seleções de sambas e marchas carnavalescas bem executadas pelo conjunto de metais.

No clube estava o "Cadete", como era conhecido o pernambucano Manoel Evêncio da Costa Moreira. Este foi um dos pioneiros na agitação cultural de Tibagi no início do século passado; instrumentista de valor, cantor talentoso. Mas não era pessoa muito próxima de Gasparino no dia a dia da cidade. Cadete liderava um bloco fantasiado de cangaceiros, naquele baile. Na aba quebrada do chapéu, os foliões levavam a frase: "Para o amor não há idade".  E Cadete, propositadamente, quando passava em frente à mesa onde Gasparino estava com a família, fazia uma reverência, mostrando a frase no chapéu.

Após umas duas dessas provocações, conta-se que Gasparino levantou-se e segurou Cadete pelo colarinho, falando em tom seguro e firme: ─ Olha aqui seu moleque, me respeite! Aqui dentro não te faço nada! Lá na rua, te cubro de desaforos! E na coxilha, te corto no laço!

Soltou o folião com desprezo e convidou as filhas para irem embora. Cadete, claro, deve ter brincado até o fim do baile. 

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