Crônica dos Campos Gerais: Dom Afonso | aRede
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Crônica dos Campos Gerais: Dom Afonso

Crônica dos Campos Gerais: Dom Afonso

Texto de autoria de Sueli Maria Buss Fernandes, Professora aposentada, Ponta Grossa, produzido no âmbito do projeto Crônica dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais
Texto de autoria de Sueli Maria Buss Fernandes, Professora aposentada, Ponta Grossa, produzido no âmbito do projeto Crônica dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais -

Da Redação

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Crônica dos Campos Gerais: Dom Afonso

De repente, numa manhã cinzenta, últimos dias que precediam o outono, uma mensagem chega pelo celular: “Comunicamos aos nossos clientes que hoje encerramos as atividades do Restaurante Dom Afonso”. Como assim? Por quê? E a resposta vem rápida, quase atropelando a pergunta: deve ter sido a pandemia! A cruel pandemia foi a causadora culposa da melancólica notícia que surpreendeu a todos.

Resistiu a tantos decretos de abre e fecha, todos os dias uma nova resolução, proibição de atendimento presencial, só delivery, volta ao atendimento presencial com público reduzido, entrega de marmitas na porta do fundo, renda caindo... quanta angústia, quanta incerteza, preocupação com a equipe de funcionários...  Até quando resistiriam?

Os moradores do Jardim Carvalho estavam acostumados a frequentar aquele endereço na Avenida Monteiro Lobato, antes mesmo da instalação do restaurante. Havia ali um mercado que fornecia os itens necessários para a vida cotidiana, inclusive um açougue no fundo da loja. Era o melhor mercado do bairro, tocado pela Família Serenato.

Lembranças da Monteiro Lobato da época, rua de mão dupla, trânsito tranquilo, estacionamento em qualquer calçada. Velhos tempos, belos dias! A instalação da loja de uma grande rede de supermercados nas proximidades, a poucas quadras, carreou a maioria dos clientes, ávidos pela novidade e por preços mais atrativos; e o pequeno mercado foi engolido pelo grande. Fechou as portas.

Uma centelha ficou adormecida após a derrocada e, anos depois, a filha Priscila reacendeu a chama criando um restaurante naquele espaço e dando a ele o nome de seu avô, numa carinhosa homenagem. Apesar da luta diária, perdeu a guerra para um inimigo invisível mas muito forte, e sucumbiu a ele. O mesmo triste fim do mercado de seus pais. Assim como o vírus leva à falência de múltiplos órgãos e o paciente vai a óbito, a falência de múltiplas empresas está se tornando uma constante nos dias atuais.

Aos frequentadores do Dom Afonso era dado acolhimento simpático e familiar que gentilmente convidava-os a apreciar a deliciosa comida caseira que era servida no seu buffet self-service. Empresa bem administrada, protocolos rígidos de higiene, decoração agradável, ambiente que convidava a voltar. Por quase duas décadas, foi o caminho tomado por aqueles que queriam fazer uma refeição sentindo-se em casa. A saudade já nasceu e responde à chamada: Dom Afonso! Ausente! Esperança! Presente!

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