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Gadini propõe criar empresa pública para o transporte coletivo

Candidato a prefeito da Unidade Popular (PSOL e PCdoB) falou sobre a “abordagem crítica” da coligação sobre os problemas da cidade

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Afonso Verner

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Candidato a prefeito da Unidade Popular (PSOL e PCdoB) falou sobre a “abordagem crítica” da coligação sobre os problemas da cidade

Professor Gadini (PSOL) foi o segundo candidato a prefeito entrevistado na série especial do JM e do portal aRede. Nessa sexta-feira (26), Gadini conversou com internautas e jornalistas e ressaltou a experiência que tem na discussão junto a movimentos sociais. Candidato da Unidade Popular, Professor Gadini lembra que o grupo irá apresentar uma leitura crítica dos problemas do município e ressalta que a proposta é de auditar todos os contratos de serviços e concessões públicas.

Jornal da Manhã: O que te motiva a disputar o cargo de prefeito de Ponta Grossa?

Professor Gadini: Pensar a cidade a partir dos problemas, de fato isso me permite entrar na disputa. Não sou político de carreira e não vou fazer uma carreira no meio político, vou continuar trabalhando como professor na UEPG. Tenho muita satisfação em ver que os colegas dos dois partidos [PSOL e PCdoB] se sentem representados na minha pessoa. Esses são os princípios que me norteiam e me deixam a vontade para discutir os problemas e os desafios da cidade de Ponta Grossa.

JM: Qual é o principal desafio para Ponta Grossa nos próximos anos?

Gadini: Se não mudarem os atores e os partidos e os gestores que respondem pela cidade, honestamente, nada vai mudar. Esses grupos hegemônicos estão aí há décadas e o nosso diagnóstico é que essas pessoas que estão na política têm enriquecido. Hoje Ponta Grossa tem uma área urbana maior que todo o município de Curitiba e com essa área nós temos muitos vazios urbanos, e, muitas vezes, os donos dessas áreas são pessoas que tem interesses específicos. Essa ampliação exagerada que favorece os latifundiários e as grandes empresas imobiliárias prejudica principalmente o transporte – não há malha viária que sobreviva a isso. Mas também afeta a Saúde já que como as pessoas moram muito longe e isso também eleva o custo. Ao invés de atacar o problema central que é a área urbana, os gestores tradicionais apresentam propostas irreais e que endividam o município cada dia mais.

JM: Como o senhor encara a atual administração dos recursos financeiros?

Gadini: Atualmente vemos propostas que não são executáveis e isso é feito de dois em dois anos – essas promessas criam a ilusão de que vai resolver o problema da saúde construindo um Postinho de Saúde. No entanto existem indicadores para esse tipo de obra e na maioria das vezes isso não é seguido. Quanto mais prometem, mais irreal se torna. E se cumprirem essa promessa, a dívida da cidade fica maior. Com isso o grau de irresponsabilidades dos gestores que se pautam pela velha política é enorme. Além disso, todos os vícios que decorrem desse processo também refletem na administração pública. Isso fica mais visível quando olhamos para os cargos comissionados – quando você se elege com uma grande coligação, acaba ficando amarrado a esse grupo e amarra junto a administração da cidade.

JM: Na sua visão, qual é a mudança mais urgente no município?

Gadini: A primeira e urgente medida é rever o que se chama de área urbana no município. Atualmente discutimos o Plano Diretor e esse é um desafio para o eleitor que deve acompanhar e participar desse processo, algo fundamental do ponto de vista democrático. Claro que a eleição é importante, mas se a gente não participar da elaboração do Plano Diretor para os próximos 10 anos, possivelmente vamos reproduzir os atuais vícios. Mas se também reelegermos os velhos grupos políticos, quem se pauta pela velha ordem, nós não vamos mudar a cidade.

JM: Qual é sua visão sobre a tarifa de ônibus em Ponta Grossa? O preço pago pelo usuário deveria ser menor? E, se sim, como isso seria possível?

Gadini: O transporte é uma lenda em Ponta Grossa. Mas o problema central está na legislação que deixa a população refém de um contrato. O ex-prefeito Péricles de Mello assinou um contrato que foi renovado no apagar das luzes pelo Pedro Wosgrau e esse processo de não rever a estrutura mantém a referência viciada. Raramente se discute transparência ou fiscalização do sistema. A prefeitura não faz isso porque existem pouquíssimos profissionais para esse serviço todo. Alguém sabe exatamente quantas pessoas usam o transporte por dia? No último dia 24 de agosto a Câmara derrubou um simples projeto de lei que previa abrir os dados da média de passageiros por semana e por mês. Quem apostar no nosso projeto vai assegurar uma administração popular de verdade. Nenhum dos grandes contratos dos serviços públicos foi auditado e por isso vamos auditar todos esses vínculos. Mas além dessas audições, vamos reequilibrar a ordem dos serviços públicos – eles não podem ser só lucro.

JM: Qual seria a saída para essa situação?

Gadini: Algumas experiências no Brasil mostram que não há eficiência no monopólio do serviço público. Diante disso, vamos apresentar um estudo para uma criação de uma empresa pública para o transporte coletivo. Vamos criar um fundo específico e financeiro para a criação da empresa e arrecadação gradual. Esse projeto parte de experiências tidas no Brasil de que, em alguns casos em que o prestador de serviços não atende a demanda, o gestor público tem a possibilidade de executar isso. Além disso, a ação do gestor público tenciona a gestão do monopólio do consórcio e cria alternativas, além de conseguir diminuir a tarifa. É preciso olhar não só como fonte de lucro, mas como dispositivo da função da administração, essa é nossa tarefa e se a estrutura vigente não atende, é preciso rever. Por isso vamos auditar os contratos e ver qual o indicador de eficiência que assegura que temos que ficar refém desse sistema.

JM: Qual é o planejamento para a fluidez do trânsito nas regiões problemáticas da cidade?

Gadini: Tivemos um crescimento rápido imobiliário. Por um lado existe um aspecto bom de oferta de moradias, mas cria um problema de mobilidade. Temos que pensar a instalação de linhas ágeis e ciclovias. Quando tentamos sair de determinada parte da cidade, por exemplo, em dia de chuvas, nos obrigamos a usar o carro particular. A cidade tem que ser pensada através da função social e isso está associado à responsabilidade do gestor público – o que ele faz além de autorizar a construção e prédio? O poder público tem que criar mecanismos para diminui o incentivo do uso do carro particular oferecendo mais qualidade no transporte público. Com mais gente no transporte público d cidade, nós temos condição de negociar uma tarifa menor e com isso melhorar a fluidez do trânsito.

Perfil: Professor Gadini tem 49 anos, é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), mestre em Comunicação, doutor em Ciências da Comunicação (Unisinos, RS) e cursou o programa Doutorado Sanduiche na Universidade Nova de Lisboa, em Portugal. É professor concursado do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), onde presta serviços há mais de 20 anos. Participante ativo das lutas e movimentos sociais, o Professor Gadini construiu uma trajetória de apoio e atuação na luta dos trabalhadores da cidade e em defesa da cidadania.

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