Esquema de extorsão envolvia tortura, licitações e figurões de PG | aRede
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Esquema de extorsão envolvia tortura, licitações e figurões de PG

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| Autor: A Rede

Gabriel Sartini

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Uma rede de extorsão que era comandada por um ex-assessor da Câmara Municipal, com a participação de funcionários do IML e da Polícia Militar, e que tirava vantagens políticas e financeiras de cargos, licitações e contratos de serviços públicos em Ponta Grossa.

Esse é o esquema denunciado pelo suplente de vereador Valdir da Van, em entrevista exclusiva concedida ao portal aRede e ao Jornal da Manhã. Em quase uma hora de entrevista gravada com áudio e imagem, Valdir diz que foi torturado, extorquido e obrigado a fazer contratações na Câmara e participar e ganhar licitações na Prefeitura sob as ordens de um grupo comandado por Reginaldo da Silva Nascimento.

Reginaldo é ex-assessor parlamentar da ex-vereadora Ana Maria de Holleben e no início da ano passado chegou a ser indiciado acusado de envolvimento no suposto sequestro da então vereadora – que logo depois renunciou ao cargo.

Valdir da Van afirma que junto com Reginaldo agiam o seu irmão, o policial militar Rogério Nascimento, e um “compadre”, que identifica apenas como “Pedrinho” Novak, funcionário comissionado do IML.

O começo

Valdir da Van conta que começou a ter contato com Reginaldo às vésperas das eleições municipais de 2012, quando foi candidato a vereador. Na época, Reginaldo era motorista da Câmara Municipal e foi convidado para trabalhar como colaborador na campanha de Valdir. O trabalho deveria começar dez meses antes das eleições. Reginaldo receberia R$ 1 mil por mês pelo serviço.

Durante a campanha, Pedrinho teria sido indicado por Reginaldo para se somar na equipe de campanha de Valdir, que não foi eleito vereador, mas acabou garantindo a vaga de primeiro suplente.

Tão logo acabou o primeiro turno das eleições, Valdir conta que foi procurado por Reginaldo e Pedrinho para um “acerto de contas”. Ambos teriam ido até a empresa de Valdir para cobrar uma suposta dívida de R$ 10 mil – R$ 5 mil para o funcionário do IML e o restante para outras despesas. O político questionou o valor, mas, segundo ele, decidiu entregar a quantia solicitada pela dupla.

Ameaças e extorsão

De acordo com o relato de Valdir, uma semana depois, ele viajou para Curitiba com Reginaldo e Pedrinho, onde conversou com dois deputados – os nomes não foram citados. Após as visitas aos parlamentares, Reginaldo convidou o suplente de vereador e Pedrinho para encontrarem seu irmão, Rogério da Silva Nascimento, que seria policial militar em Curitiba.

Nessa conversa, segundo Valdir, eles acertaram a participação de Rogério na campanha do segundo turno das eleições municipais. Após o combinado, Valdir conta que passou a sofrer duras e violentas investidas do grupo, segundo ele, comandado por Reginaldo.

O grupo tinha medo de ser traído pelo suplente de vereador e numa ocasião, ainda durante o segundo turno das eleições, Valdir relata ter passado pela primeira sessão de tortura. Narra o suplente de vereador que foi obrigado a entrar num carro, juntamente com Reginaldo, Pedrinho e Rogério, tendo sido levado a região de Alagados.

Os três estariam de posse de uma arma e teriam feito pressão psicológica em Valdir, com ameaça de jogá-lo de uma ponte e de atear fogo em seu corpo, caso ele não aceitasse usar o seu cargo de suplente de vereador para tirar proveitos políticos e financeiros na Câmara e na Prefeitura.

Passada a eleição municipal e com medo das ameaças de morte, que incluíam membros de sua família, Valdir da Van conta que decidiu ceder às pressões. Entre janeiro e fevereiro de 2013, Valdir transferiu sua empresa de transporte para a família de Reginaldo.

Uma nova empresa, chamada Novak Transporte, foi criada para participar das licitações da Prefeitura, para que a empresa de Valdir, agora pertencente a Reginaldo, levasse vantagem nos processos.

Câmara

O esquema de Reginaldo, segundo Valdir, foi além da tortura e extorsão. O ex-assessor de Ana Maria teria ambições políticas de poder. Valdir conta que a sua passagem pelo cargo de vereador por 30 dias, em agosto do ano passado - por ocasião da licença do vereador Valter de Souza, o Valtão-, foi marcada por forte controle de suas decisões.

Dias antes de assumir o cargo, o suplente conta que passou por uma segunda sessão de tortura, desta vez na região de Itaiacoca. Novamente sob o domínio de Reginaldo e Pedrinho, conforme relata, Valdir teria sido obrigado a ficar pelado e agredido pelo grupo. Durante o encontro, o grupo teria ditado as regras de como Valdir deveria se comportar na Câmara, ou seja, obedecendo todas as ordens que lhe fossem dadas.

Foi por este motivo, justifica Valdir, que durante sua passagem pela Câmara, ele quebrou um acordo com Valtão, demitindo todos os seus assessores de gabinete, e contratando pessoas indicadas por Reginaldo.

Ainda enquanto ocupava o cargo de vereador, Valdir diz que foi levado para uma concessionária de veículos e forçado a comprar um veículo van para a empresa de Reginaldo. Valdir conta ainda que, ao longo dos últimos meses, teria repassado mais de R$ 140 mil para o grupo de Reginaldo. O dinheiro era sacado na boca do caixa da empresa de Valdir, quando dos recebimentos pelos serviços de van prestados para a Prefeitura.

Denúncia

Cansado das ameaças, Valdir conta que contratou seguranças particulares para ele e toda sua família a partir de novembro do ano passado. Segundo ele, as ameaças e extorsões diminuíram porque os seguranças passaram a intimidar o grupo. O político contratou um advogado e procurou a Polícia Civil para denunciar os crimes. A investigação está sob responsabilidade do delegado Marcus Vinícius Sebastião.

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