Liberação do FGTS pode impactar construção civil
Setor depende de financiamentos mantidos com fundo do benefício
Publicado: 19/07/2019, 20:40
Setor depende de financiamentos mantidos com fundo do benefício
A liberação dos saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do Programa de Inclusão Social e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep) pode causar impactos a longo prazo no setor de construção civil. A medida anunciada essa semana pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes, visa gerar o aquecimento da economia através da injeção de até R$63 milhões na economia direta.
Com mais dinheiro circulando, a medida do Governo Federal deve promover o crescimento dos setores como varejo e fomentar o consumo a curto prazo. Apesar disso, o valor deve impactar diretamente nos programas de financiamento de moradia popular como o ‘Minha Casa Minha Vida’, e causar baixas na construção de novos imóveis.
Isso se dá porque o dinheiro recolhido pelo FGTS é emprestado pela Caixa Econômica Federal para dar base aos financiamentos do ‘Minha Casa Minha Vida’. Segundo estimativas da Associação Paranaense de Construtores de Ponta Grossa (APC), o financiamento é utilizando na construção de 1500 imóveis ao ano entre pequenas e médias construtoras em Ponta Grossa.
Para o presidente da APC em Ponta Grossa, Gabriel Stallbraum, a liberação do FGTS deve ser analisada para beneficiar todos os setores da economia. “O saque pode ser bom para a economia num primeiro momento, principalmente o comercio de varejo, que pode ter um aquecimento a curto prazo. Mas diminui o recurso disponível para o financiamento a longo prazo para a construção civil”, afirma.
Gabriel explica que o impacto não é só para o setor de construção, mas para a população. “Olhando pelo lado da população que precisa de casa e moradia, a longo prazo é possível que encontrem mais dificuldades no financiamento. Com menos dinheiro no FGTS será menor o dinheiro disponível para os financiamentos e até mesmo para o saneamento básico”, destaca.
A tendência é que a diminuição dos financiamentos acabe afetando o número de construções realizadas. “É provável que sim [a queda no setor]. É difícil pra gente imaginar quanto vai ser, porque não temos bem certo quanto o Governo vai liberar
Queda pode gerar demissões
A diminuição dos financiamentos no programa minha casa minha vida pode trazer outro impacto direto na economia a longo prazo. Segundo uma estimativa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a redução de R$30 bilhões poderia resultar na demissão de 500 mil trabalhadores que atuam diretamente em obras que envolvem o Minha Casa Minha Vida. A informação foi fornecida pelo presidente da CBIC, João Carlos Martins.