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Fotos revelam beleza e história nos cemitérios de PG

Os registros são do estudante de jornalismo Eder Carlos Wehrholdt. Ele acredita que cemitérios como o São José possuem potencial turístico para ser explorado

Pietá no túmulo da família do ex-prefeito Luiz Carlos Zuk
Pietá no túmulo da família do ex-prefeito Luiz Carlos Zuk -

Da Redação

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Os registros são do estudante de jornalismo Eder Carlos Wehrholdt. Ele acredita que cemitérios como o São José possuem potencial turístico para ser explorado

O aposentado Eder Carlos Wehrholdt, de 57 anos, curiosamente sempre gostou de cemitérios, mas foi a partir de um trabalho acadêmico proposto na disciplina de fotografia do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)  –  ele está no segundo ano da graduação - que ele viu nascer o desejo de registrar a história guardada em cada túmulo.

Eder já fotografou o Cemitério Municipal São José e o Santo Antônio, em Ponta Grossa, e em busca da arte, o olhar apurado encontrou detalhes que o levaram a muitas outras reflexões. Segundo ele, cada sessão é surpreendente: “Cada vez que vou a um cemitério, vejo coisas diferentes ou aspectos diferentes de algo que já tinha visto antes. Então, fotografar em cemitérios é registrar esses detalhes, essas histórias e curiosidades”, conta.

Imerso na beleza e singularidade das sepulturas, Wehrholdt já ficou horas fotografando – o tempo de cada sessão depende da luminosidade e do tempo disponível. Para ele, os ensaios não têm nada de inusitado. “Não há diferença em fotografar na rua ou no cemitério. A beleza, poesia, arte, tristeza está em todos os lugares. Basta olhar com atenção. Uma pessoa dormindo debaixo de uma marquise é tão macabro ou triste quanto um túmulo. Uma flor brotando numa boca de lobo é tão poético quanto uma Pietá num sepulcro. A arquitetura de um túmulo, muitas vezes é mais bela que a de um prédio” comenta.

Finados

Com o objetivo de registrar as lembranças e esquecimentos, uma das sessões foi realizada um dia após o Finados. Sem o alvoroço típico do feriado, o que ficou evidente foi mesmo o esquecimento.  “Assim como as construções da cidade, os túmulos também se deterioram e aos poucos são abandonados. Estes trazem uma melancolia e a comprovação de que, independente de classe social, todos nós somos importantes até que outro ocupe nosso lugar e então caímos no esquecimento”, declara.

Eder observa que a lembrança se restringe a uma, no máximo duas gerações. Apesar dos vivos esquecerem seus mortos, o túmulo e seus detalhes - fotos, lápides, artes sacras, flores - revelam que em algum momento eles foram importantes para alguém. “Nem sempre os personagens que estão lá são famosos ou se destacaram na sociedade. Mas fizeram parte dela num determinado período de tempo”, conta.

História

Para Eder o cemitério é um local de enriquecimento cultural e de grande importância histórica. Através da análise dos túmulos é possível aprender sobre a construção da cidade, quem foram aqueles que realizaram grandes feitos e deixaram um legado, quais eram as famílias tradicionais, as pessoas ilustres ali sepultadas. “Cemitérios sempre são importantes. Neles estão os personagens que fizeram parte da história do local. Desde os famosos, até os desconhecidos. A maneira como a comunidade cuida de seus mortos fala muito a respeito de si mesma”, afirma.

Um exemplo disso é o Cemitério São José, o mais antigo na área urbana da cidade. Entre muitas personalidades locais, como médicos, militares e políticos, nele estão os restos mortais de Barão de Guaraúna e Corina Portugal. Ele, cujo nome era na verdade, Domingos Ferreira Pinto, foi um dos mais ricos fazendeiros de sua época e até recebeu o imperador Dom Pedro II em sua residência. Ela, Corina Antonieta Pereira Portugal, foi assassinada pelo marido com 32 golpes de punhal, e anos mais tarde começou a ser admirada, tendo hoje, status de santa, com muitos devotos que deixam em seu túmulo - o mais visitado - pedidos de oração e agradecimentos.

Nas palavras de Carlos, “Aqueles que fizeram a história da cidade, hoje são história nos cemitérios”. Seja a vida de alguém que influenciou muito sua geração, ou de quem não era conhecido, todas essas peças que formaram a nossa cultura estão acessíveis. 

Turismo

Carlos é formado em Gestão Pública e enxerga os cemitérios como potenciais pontos turísticos, mas que são pouco explorados no Brasil, apesar de terem muito para contar. E acredita que assim como acontece em outros países, em que turistas dedicam tempo para visitar sepulturas de pessoas ilustres, os cemitérios da região, sobre tudo o São José, também poderiam oferecer visitas guiadas e fomentar o turismo.

“Alguns jazigos são bastante tradicionais. Outros imponentes, remetendo a templos egípcios. Há aqueles totalmente fechados, sem qualquer identificação. Outros que têm esculturas em mármore ou bronze. Lado a lado estão túmulos pagãos, cristãos, judeus e muçulmanos. O Cemitério São José é, com certeza, um atrativo turístico muito pouco explorado em Ponta Grossa”, explica.

Acervo

Carlos pretende montar álbuns e divulgar seu material em breve, mas mesmo com o seu registro fotográfico, ele acredita haver detalhes que só são perceptíveis a olho nu. “Nem sempre é possível retratar tudo a partir da porta ou janela que está disponível. Estes detalhes precisam ser vistos no local, sem intermediários”

Para quem ficou com a curiosidade provocada, Eder garante que a visita é tranquila e os cemitérios não são nada assustadores. “Queiramos ou não, gostemos ou não, o cemitério é nosso único destino já definido desde o dia do nosso nascimento. Um dia irei para um deles e não sairei mais. Não é um lugar sombrio. Ao contrário, é um lugar de muita tranquilidade”, revela.

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