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Covid-19 já matou 65 padres no Brasil

Foram 1.390 positivados. Na Diocese de Ponta Grossa, 16 se contaminaram

Ao todo, 1.390 padres diocesanos foram acometidos pela Covid-19.no Brasil.
Ao todo, 1.390 padres diocesanos foram acometidos pela Covid-19.no Brasil. -

Da Redação

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Foram 1.390 positivados. Na Diocese de Ponta Grossa, 16 se contaminaram

A Comissão Nacional de Presbíteros (CNP), vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgou na terça-feira (2) que 1.390 padres diocesanos foram acometidos pela Covid-19.no Brasil O levantamento, realizado em fevereiro, traz a confirmação de 65 mortes, totalizando 1455 casos da doença. Os dados, apresentados pela CNP, foram consolidados com base em consultas aos regionais da CNBB. Conforme o balanço, o Regional Sul 1, que compreende o Estado de São Paulo, é o que mais contabiliza infecções de padres por Covid:168. Na Diocese de Ponta Grossa, 12 sacerdotes do Clero Secular e quatro de Religiosos, residentes na Diocese, adoeceram.

Padre Wilson Santos Morais, de 35 anos, vigário da Paróquia Santa Rita de Cássia, em Ponta Grossa, foi contaminado em setembro. “Fui chamado para visitar uma doente no hospital. Por ser padre jovem, não havia risco aparente. Após quatro dias, senti intensas dores de cabeça que nunca havia sentido antes. Tomei remédio e passou. Porém, no outro dia retornou. Continuei as atividades, mas me sentia desconfiado. No que seria o sexto dia de provável contágio, senti dores nas costas. Notei as mãos e lábios pálidos e perdi o olfato. Fui ao médico fazer o exame e o resultado saiu como positivo. Sentia cansaço extremo e sem nenhum esforço. Dores musculares, dor de cabeça constante. No 14º dia sentia irritabilidade e muita tosse ao falar.  Em casa, conferimos a saturação e estava baixa.  Fui ao médico e precisei ser internado devido a 50% do pulmão estarem comprometidos. Foram seis dias no hospital”, detalha padre Wilson.

“Não pensei que fosse contrair o vírus. Acho que é sempre assim... não pega, até ser pego! Fui internado no Bom Jesus, muito bem cuidado e medicado. Não houve nenhum agravamento. Me sentia cada vez melhor após cada medicação. Esse processo da doença me fez viver uma confiança tão humana e tão divina que eu sei que fui transformado! Mas também pude acolher na pele a dor de muitas ovelhas de nosso rebanho. Rezo consciente por cada uma que é acometida pelo vírus Estou certo de que devemos nos cuidar, ter prudência, mas a fé e a esperança em Deus necessitam ser maiores que o medo, que o desespero. Nós não somos seres de uma única dimensão. Enfrentemos a pandemia, mas no labor da fé”, acrescenta, lembrando da doente que o levou ao hospital, em setembro “Fiz algo importante por aquela senhora na UTI, que me olhou nos olhos, sem nunca ter me visto, mas cochichou, ‘o senhor veio, padre. Eu fico em paz, obrigado!".

Para o vigário da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de Irati, padre Rodrigo Ribas, foi um susto. “Eu achei que estava com uma crise de rinite, mas mesmo assim fiz o teste que teve resultado positivo. Isso alavancou uma série de mudanças na minha rotina e na rotina da paróquia. Nós teríamos celebração de 1° Eucaristia na Matriz naquela semana e tivemos que cancelar porque, embora sejamos em dois padres, ambos tivemos que cumprir isolamento, mesmo somente eu tendo positivado. Naquela mesma semana tivemos a celebração do Crisma também sem a presença dos padres. Foi um período difícil, sem praticamente sair do quarto, porém sem sintomas graves. Ao mesmo tempo foi um período de aprofundar a vida de oração e de sentir o amor de Deus expresso nas pessoas que diariamente entravam em contato ou traziam alimentos até a casa paroquial”, conta o sacerdote de 28 anos.

O pároco da Paróquia Nossa Senhora do Monte Claro, em Ponta Grossa, padre Gilberto de Andrade Torquato, de 55 anos, lembra que, desde o ano passado mudou completamente sua sistemática de evangelização, atendendo pelo Facebook, diariamente, realizando a Santa Missa online, fazendo a Live Mariana, todos os dias, às 18 horas, enviando mensagens, cuidando do povo da melhor maneira que podia. Quando da reabertura das igrejas, voltou a celebrar com a presença de fiéis, seguindo todas as orientações e protocolos. Em janeiro não tirou férias, ficou em casa, porque a família mora no Rio de Janeiro e achou por bem não viajar. Celebrava missa nos finais de semana. “Dia 24 de janeiro, fui convidado a ir a uma missa, onde não havia distanciamento, muita gente estava sem máscara...Consequentemente contraí Covid”, afirma.

Segundo o pároco, foram 15 dias sofrendo. “Muita dor na nuca, cabeça  zonza, se me virasse rápido poderia cair, perdi paladar e olfato. Foi um absurdo a doença. Só quem passa, entende. Entrei em contato com hospital, fiz o teste, deu falso negativo. Fui orientado a ficar isolado. Depois de 15 dias, fui fazer exame porque estavam piorando os sintomas. Até 13 de fevereiro fiquei em casa, recebendo comida, tomando vitamina C, chás, sempre que podia, deitado. Me sentia muito cansado”, explica, citando que ainda sente dores de cabeça. “Sem dúvida passava pela cabeça a morte. Um medo que é humano e o padre é humano. Foi a fé em Deus, foi esse desejo de melhorar, o apoio das pessoas amigas na comunidade e de alguns sacerdotes que fizeram hoje eu estar melhor e prosseguindo”

“Estamos vivendo o pior momento dessa pandemia. Ano passado não foi nada em comparação a 2021. Me preocupa o avanço das variantes, a demora da vacinação – não sei se essas vacinas vão ajudar devido as variantes - e o fato de muitas pessoas desejarem compensar o tempo perdido, ano passado. Isso não vai adiantar. Não é momento para se expor. Você se expõe e você morre”, ressalta padre Gilberto.

Com informações da Diocese de Ponta Grossa.

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