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PG tem 600 casos de violência infantil no primeiro trimestre

A cada 2h e 14 minutos, uma criança sofre algum tipo de violência na cidade ponta-grossense.

Números são do primeiro trimestre de 2021, em Ponta Grossa.
Números são do primeiro trimestre de 2021, em Ponta Grossa. -

Da Redação

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A cada 2h e 14 minutos, uma criança sofre algum tipo de violência na cidade ponta-grossense

Reportagem de Camila Pacholok Zanardini

Milhares de pessoas vêm sofrendo por conta da pandemia da covid-19. Segundo dados do IBGE, são mais de 14 milhões de pessoas desempregadas. Porém, as sequelas da atual conjuntura do Brasil afetou não só a economia brasileira e a saúde pública, mas também devido ao isolamento social que alavancou as denúncias de violência infantil não só nas cidades grandes como em São Paulo, mas também em cidades como Ponta Grossa. Segundo o último levantamento do Conselho Tutelar de Ponta Grossa, foram registrados 600 casos de denúncias de violência contra a criança.

Nos últimos meses os noticiários têm mostrado com mais afinco denúncias de violência contra as crianças, infelizmente o caso do menino carioca de quatro anos Henri Borel, não é um caso isolado. Há muitos Henri 's, Biancas, Bruno' s, Mirela 's, Andressa' s, Jonas, que estão espalhados pelas áreas urbanas e rurais da cidade de Ponta Grossa que são personagens da violência infantil.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, mostraram que em 2019 diariamente, foram notificadas no Brasil uma média de 233 agressões de diferentes tipos contra crianças e adolescentes com idade até 21 anos.

A violência infantil, segundo o ECA, pode ser definida como: física, psicológica, sexual e institucional. Dessa forma, a criança pode passar por situações de violência em qualquer âmbito da sociedade. E isso inclui negligência, abusos, trabalho infantil. Como o caso de uma criança que vende algodão doce no município.

Segundo a psicóloga Tassiane Breus esse tipo de violência, bem como todos os outros, causam consequências emocionais. É importante frisar que o brincar e o jogar não se resumem apenas a formas de divertimento e de prazer para a criança, mas são meios privilegiados dela expressar os seus sentimentos e aprender, faz parte da formação do ser humano.- explicita a psicóloga Tassiane Breus.

Não é de hoje que o abuso é uma realidade dentro do lar de milhares de crianças ao longo da história, não é difícil infelizmente encontrar dentro do nosso convívio social, conhecer alguém que tenha sofrido algum tipo de violência quando criança. Casos que ficam por oculto na maior parte das vezes por falta de diálogo com a criança sobre o assunto, como foi o caso da Alice Laura* (nome fictício dado para preservar a identidade da entrevistada) que sofreu abuso sexual dos seus seis anos até seus 11 anos de idade.

Segundo Alice*, o comportamento do abusador sempre fazia ela se sentir culpada pela ‘brincadeira’ e a oprimia colocando medo. "Ele me chamou para brincar quando eu tinha apenas seis anos de idade, mas me disse que eu não poderia contar para ninguém porque iriam brigar comigo. Pela inocência eu aceitei, até porque ele é um membro da minha família, morava na mesma casa, eu confiava e gostava muito dele. As demais vezes eu era obrigada a 'brincar' e isso durou até uns dez anos. Aquilo durava até ele se satisfazer", relata Alice*, que tinha vínculo familiar com o agressor.

Segundo a Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), 73% dos casos de abuso ocorrem no ambiente domiciliar e, em 40% dos casos, são cometidos pelos próprios pais ou padrastos, como revela o MMFDH.

Em 87% dos casos, o suspeito é do sexo masculino e, igualmente, de idade adulta, entre 25 e 40 anos, para 62% dos casos. A vítima é adolescente, entre 12 e 17 anos, do sexo feminino em 46% das denúncias recebidas.

Ainda sobre o caso de Alice*, o agressor voltou a procurar a menina durante sua adolescência, quando ela completou 12 anos de idade, segundo a vítima, esse foi o pior de todos os episódios de agressão. "Dois anos depois da última violência, ele veio com a mesma história de sempre: 'vamos brincar?'. Essa foi a pior de todas, pois eu já tinha consciência do que estava acontecendo comigo, depois fiz de tudo para evitar ficar sozinha com ele. Algum tempo depois, contaram para minha mãe o que aconteceu. Eu nunca tive coragem. Ela me perguntou e eu afirmei, porém ela não acreditou em mim. Preferiu acreditar que ele nunca faria isso, meu pai acreditou e até chorou, mas ninguém nunca se importou muito ou perguntou como era tudo aquilo para mim, todos seguiram a vida fingindo que aquilo nunca tinha acontecido. Até hoje não sei se minha mãe acredita em mim, que isso realmente aconteceu, relatou Alice Laura*, vítima de abuso sexual por mais de quatro anos dentro da sua própria casa.

Durante a última coletiva on-line realizada em maio de 2020 da MMFDH, a Ministra Damares frisou em sua fala que é necessário se atentar mais para a violência sexual. Os outros tipos de violações são claramente visíveis, a violência sexual, não. Na maioria das vezes, é silenciosa. Ela aparece como a quarta no balanço. Mas será que é a quarta que mais acontece, atrás de outras três, ou a quarta denunciada?, questionou a Ministra.

A verdade é que ninguém quer acreditar que uma violência dessa esteja ocorrendo no ambiente familiar, ainda mais entre entes queridos e próximos. Por isso é fundamental ficar atento aos sinais que a criança dá em seu comportamento. Segundo Rafaela Zaze, conselheira do Conselho Tutelar Oeste, apesar de ser uma violência que na maior parte das vezes é silenciosa, há sim mudanças no comportamento da criança. "A criança muda ou fica muito reprimida, quieta, geralmente não gosta e não quer ficar perto do suposto agressor, ou fica muito agressiva", afirma a conselheira.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a violência que envolve este segmento como todas as formas de maus-tratos emocionais e/ou físicos, abuso sexual, negligência ou tratamento negligente, comercial ou outras formas de exploração, com possibilidade de resultar em danos potenciais ou reais à saúde das crianças, sobrevivência, desenvolvimento ou dignidade no contexto de uma relação de responsabilidade, confiança ou poder.

Desmitificando assim que a violência infantil está muito para além da agressão física ou sexual. Todos os dias nossas crianças estão sofrendo diversos tipos de violência nocivos ao desenvolvimento das mesmas.

Quando denunciar e como?

A denúncia é crucial para que haja a diminuição deste casos de violência contra a criança e o adolescente. É importante frisar que não é necessário ter certeza que a criança está sendo vítima. Se houver alguma suspeita, a denúncia já pode ser realizada e se tiver em mãos o endereço completo da vítima. Qualquer pessoa pode fazer a denúncia anônima, podendo ligar tanto no disque 100 como também em um dos contatos do Conselho Tutelar da sua região. A denúncia protege, porque se tiver ocorrendo, se estiver acontecendo alguma violação de direitos dessa criança/adolescente, o conselho vai até a residência e verifica a situação e vai fazer o direcionamento correto para proteger a criança, finaliza Rafaela, conselheira tutelar.

Serviço

Em caso de indícios de maus-tratos ou violência contra a criança denuncie ao Conselho Tutelar.

DISQUE 100 OU LIGUE Conselho Tutelar

- Leste (42) 9 9144-6127

- Oeste (42) 9 9144-1343

- Norte (42) 9 9155-4110

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