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Alagamento em cemitério pode causar contaminação no PR

Cemitério da área rural de Ponta Grossa está alagado há uma semana. Necrochorume com vírus, bactérias e fungos, e metais pesados provenientes de caixões podem se espalhar no solo, lençóis freáticos, rios e poços artesianos, alerta químico

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Alagamento em cemitério do Paraná chega ao sexto dia com mais túmulos submersos | Autor: Reprodução G1

Da Redação

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Por si só, um cemitério gera grandes riscos de contaminação ambiental. No caso do que está alagado no distrito rural de Uvaia, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, a preocupação deve ser ainda maior porque há risco de contaminação de poços, lençóis freáticos e do solo.

local foi atingido pela cheia do Rio Tibagi e começou a ficar submerso no dia 1º de novembro. Segundo a prefeitura, há pelo menos 324 túmulos no espaço. Veja imagens acima.

Sandro Xavier de Campos é químico e possui doutorado na área de saneamento. O g1 conversou o especialista para entender quais podem ser os impactos do alagamento em relação à contaminação do meio ambiente.

Como pode ocorrer a contaminação?

De acordo com ele, os perigos são relacionados aos materiais utilizados na estrutura dos caixões, que incluem metais pesados, e à decomposição dos cadáveres.

Neste processo, é produzido um líquido chamado de necrochorume, que possui bactérias, vírus e fungos diversos. Saiba mais abaixo.

Com o alagamento, todos esses resíduos podem estar se espalhando na água da inundação, que atinge casas, poços e o próprio rio, e também pelo solo, que por estar molhado perde a capacidade de fazer o processo natural de descontaminação e absorção.

"O fato de o solo estar molhado devido ao alagamento faz com que fique mais fácil esses resíduos se infiltrarem até lençóis freáticos e se espalharem em rios e até poços artesianos. O que estava concentrado vai sendo diluído tanto pela terra, quanto pela água", alerta o especialista.

Por isso, Campos destaca a importância de moradores não ingerirem água de poços artesianos da região sem uma análise técnica prévia.

Outra recomendação é que, após o fim da enchente, sejam feitas pesquisas e estudos sobre a qualidade e possível contaminação da água do rio e dos solos da região.

"Na década de 1970 houve muitos casos de doenças como a febre tifoide em Paris e Londres devido à contaminação causada por cemitérios. No Brasil, a legislação acerca da localização e estrutura desses espaços começou a endurecer em 2003", ressalta o especialista.

Monitoramento

O g1 entrou em contato com a prefeitura de Ponta Grossa questionando se está sendo feito monitoramento e/ou há a intenção de promover análises técnicas relativas à possibilidade de contaminação de águas e solos de Uvaia e aguarda retorno.

A Sanepar também foi contatada, e afirmou que o abastecimento no distrito de Uvaia é feito por meio de captação subterrânea e não sofre influência do alagamento do Rio Tibagi.

"A captação de água ocorre no nível do Aquífero Itararé, a 114 metros de profundidade, bem abaixo do lençol freático, portanto livre de interferências locais. Quanto ao monitoramento da água e do solo, não compete à Sanepar, mas ao Instituto Água e Terra (IAT)", disse, em nota.

Ao g1, o IAT disse que está fazendo o monitoramento do local, "um espaço de responsabilidade da prefeitura do município".

"Inclusive, uma equipe de fiscalização será designada para voltar ao distrito para reavaliar a situação. Em caso de não conformidade com a legislação ambiental, serão tomadas as medidas administrativas cabíveis", garante.

Necrochorume

Sandro Campos ressalta que cada quilograma do corpo de um ser humano libera até 600 ml de necrochorume. Ou seja, cada cadáver gera uma média de 30 a 50 litros do líquido.

Nele, há bactérias, vírus e fungos provenientes tanto do processo natural de decomposição do corpo, quanto de doenças que acometeram as pessoas em vida.

"Na época da pandemia, a possível contaminação da Covid-19 por cadáveres foi uma grande preocupação de pesquisadores", lembra.

Outro risco de contaminação relativo a cadáveres são produtos usados para a conservação deles, como metanol e formol, que são substâncias altamente tóxicas, diz o químico.

Ao mesmo tempo, caixões podem liberar metais pesados com o passar do tempo, como chumbo, zinco, cobre, entre outros.

"No caso de cemitérios pequenos, o risco é maior porque a concentração é muito alta. Em espaços maiores há uma diluição", alerta.

Informações: g1

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