RC Bem Estar
25 de agosto de 2019 19:29
Da Redação
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Pelo menos 37% da
população brasileira, cerca de 60 milhões de pessoas, convivem com a dor gerada
pela má postura ao manusear os smartphones, diz OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que pelo menos
37% da população brasileira, cerca de 60 milhões de pessoas, convivem com a dor
gerada pela má postura ao manusear os smartphones. O número já é mais do que a
média mundial que é de 35%.
Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os
celulares ativos já somam 230 milhões no Brasil, um crescimento de 10 milhões
em comparação com 2018. O Brasil tem mais dispositivos digitais do que brasileiros,
uma média de dois smartphones, notebooks, computadores ou tablets por
habitante.
Por isso, profissionais da saúde estão alertando os usuários
com relação à postura ao utilizar os aparelhos. Se não for corrigida, pode
gerar dor crônica e lesões que podem até precisar de cirurgia.
A ortopedista do Grupo Notedrame Intermédica, Liége
Mentz-Rosano, explicou que o uso do celular faz com que a pessoa fique em uma
posição viciosa, levando o pescoço a fazer uma flexão, que eleva o peso
carregado pela região.
“Quando ficamos em uma posição neutra de zero graus, é
exercida uma força de cinco quilos. À medida em que vamos dobrando o pescoço e
fazendo uma curva, o ângulo aumenta e a pressão exercida ao chegar em 30 graus
será de 18 quilos. Aos 60 graus, chega em 30 quilos”, destacou.
Segundo Liège, isso leva à sobrecarga nos discos, que são
como borrachinhas entre cada vértebra, que servem como amortecedores para
evitar lesões quando são feitos movimento de impacto, além de serem
fundamentais para a mobilidade.
“Essas lesões causadas pelo uso excessivo do celular podem
levar à degeneração do disco, que vai formando uma barriga, que nada mais é do
que a hérnia de disco. Essas hérnias podem resultar na compressão dos nervos,
ocasionando perda de força, formigamento braços, artrose precoce nas pessoas
mais jovens, degeneração não só no disco, mas na parte óssea”, disse Liége.
A médica explicou ainda que muitas vezes as lesões da
cervical podem levar o indivíduo a sentir dores fortes de cabeça, sem associar
os fatos. “Muitas vezes as pessoas têm dor de cabeça e não sabem que é do
pescoço. Temos inclusive, visto um aumento grande na incidência de pessoas mais
jovens, adolescentes, jovens adultos e até crianças que relatam dor no pescoço
e dores de cabeça por conta da lesão.”
Prevenção
Liége reforçou que a prevenção é a melhor forma para evitar
esses problemas. Além de manter a postura correta ao manusear o celular,
levando-o a uma posição neutra em que se consiga olhar discretamente para
baixo, utilizar apoios, ou transferir os aplicativos possíveis para o
computador, é preciso fazer exercícios de fortalecimento e alongamento de uma a
mais vezes por dia. “Quando fortalecemos a musculatura anterior e posterior,
fortalecemos as estruturas do pescoço. Isso protege e ajuda na correção
postural.”
De acordo com o responsável técnico de hospital Anderson
Benine Belezia, há diferentes métodos de imagem para avaliar a coluna cervical.
O primeiro é uma radiografia simples da região, exame simples pelo qual é
possível avaliar as estruturas ósseas e ver sinais que podem sugerir problemas
no disco intervertebral. O segundo é uma tomografia computadorizada, que tem a
maior capacidade de avaliação das estruturas ósseas. Já o terceiro, a
ressonância magnética é o que tem melhor capacidade de avaliação de danos nos
discos interverterias (hérnias principalmente), podendo avaliar eventuais
compressões nervosas e da medula com maior precisão que outros métodos.
“Nos três exames, o médico radiologista avalia as alterações presentes ou não, correlacionando com os dados clínicos informados pelo médico solicitante ou pelo próprio paciente, e fornece uma descrição detalhada dos achados de imagem que poderão nortear o tratamento e manejo clínico ou cirúrgico do paciente”, explicou Belezia.
A nutricionista Jessica Ramos contou que tem o hábito de
utilizar o celular de 12 a 15 horas por
dia. Foi depois de concluir seu mestrado – momento em que teve mais tempo para
ficar no celular – que começou a sentir mais dores no pescoço, irradiando para o
ombro e braço. “Até meus dedos doem ao digitar. Eu acredito que esteja
associado ao uso excessivo do celular. A médica me pediu para fazer alguns
exames e me passou medicações leves. Agora estou tomando mais cuidado com a
postura, tentando usar o fone de ouvido nas ligações e quando mando mensagem
colocar a postura mais ereta possível”, disse.