Coluna Fragmentos: Jockey Club Ponta-Grossense: referência na identidade local | aRede
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Coluna Fragmentos: Jockey Club Ponta-Grossense: referência na identidade local

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

Página de esportes do JM (24 de março de 1956) na qual o turfe princesino foi o principal destaque
Página de esportes do JM (24 de março de 1956) na qual o turfe princesino foi o principal destaque -

João Gabriel Vieira

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A história do turfe no Brasil começou oficialmente no Rio de Janeiro em 1868. Naquele ano um grupo, composto por políticos influentes no Império, latifundiários e nobres, criou o Jockey Club. Pouco depois, em 1885, outro grupo (com perfil similar ao dos fundadores do Jockey e liderado pelo engenheiro Paulo de Frontin) criou o Derby Club.

Durante décadas essas instituições rivalizaram e disputaram adeptos. Porém, no ano de 1932, seguindo a lógica varguista do funcionamento de uma única entidade representativa para cada categoria ou segmento existente no país, ocorreu a unificação dessas instâncias e assim nasceu o Jockey Club Brasileiro.

Dentro da perspectiva do ufanismo nacionalista de Vargas, o Hipódromo da Gávea, inaugurado em 1926 e pertencente ao JCB, passou a realizar e sediar o Grande Prêmio Brasil, hoje o mais tradicional e importante páreo do turfe no país.

Por conta de suas origens tropeiras, Ponta Grossa é uma cidade que tem uma forte ligação histórica com as atividades criatórias e de montaria. Registros dão conta que corridas em canchas retas, também conhecidas como raias, eram comuns nas fazendas e nos arrabaldes ponta-grossenses no século XIX, sempre disputadas na presença de entusiasmados expectadores que encontravam nessas carreiras uma prática natural de lazer.

Em 1875, momento anterior à chegada das ferrovias e dos imigrantes na cidade, Domingos Ferreira Pinto (abastado tropeiro que mais tarde receberia o título de Barão de Guaraúna) e Augusto Ribas, figuras de prestígio na vida política e social ponta-grossense, solicitaram a sessão de um terreno público para que ali pudessem estruturar um prado de corridas. A Câmara Municipal aquiesceu ao pedido e, para tal fim, destinou um lote na região do bairro de Uvaranas.

Nos anos finais dos oitocentos a cidade passou por grandes transformações, vendo rapidamente aumentar seu quadro urbano e sua população. Esse também foi um momento de adaptação aos novos tempos, costumes e práticas.

Em 1900, um artigo do jornal Campos Gerais (criado em 1896), intitulado Corridas, apontou para o refinamento, a sistematização e a incorporação de novas práticas sociais por parte da platéia que assistia as corridas no prado de Uvaranas, conforme releva uma pesquisa do historiador Robson Rumbelsperger sobre o tema. Escreve: o texto [do Campos Gerais] destaca os páreos ocorridos em 22 de agosto daquele ano, narrando a partida dos comboios de trens com destino ao prado, ao som de marchinhas executadas pelas Bandas União e Recreio e Lyra dos Campos, o comportamento social, as corridas e seus intervalos, as premiações dos páreos e o retorno dos participantes, concluindo que foi um dia cheio de alegrias para os que tomaram parte na diversão, porque ainda mesmo os que perderam, enquanto estavam na esperança de ganhar, gargalhavam a bom gargalhar e além disso tiveram todos embalados pelos harmoniosos acordes das duas bandas musicais que se revezavam a cada momento. Que tenhamos sempre dias como este, são os nossos votos.(Visões de Ponta Grossa III, Ed.UEPG, 2004, p. 134)

Em 6 de janeiro de 1927, ou seja, há exatos 81 anos, pela ação dos srs. Rodolfo Osternack, Ossian Correia, José Miró de Freitas, Teodoro Pinheiro Machado e José de Azevedo Macedo, foi fundado o Jockey Club Pontagrossense. Ao longo do tempo, uma série de mudanças estruturais que atingiram a sociedade brasileira e ponta-grossense, retiraram do nosso turfe o glamour e o grande contingente de anônimos que, em outras décadas, acorriam ao Hipódromo de Uvaranas. Mesmo assim, a cidade continua contando com um significativo número de aficionados pelas corridas de cavalo e a velha construção do Jockey, erguida na década de 1930, é uma referência física e identitária de Ponta Grossa.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 06 de janeiro de 2008

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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