Coluna Fragmentos: Calistrato Sanson e o Guarany Jazz Band

A música popular brasileira é conhecida no mundo todo por sua variedade e riqueza. É possível afirmar que uma música genuinamente brasileira nasceu com os índios antes mesmo da chegada dos colonizadores europeus e da própria criação da concepção de nação tal qual possuímos hoje.

Nos séculos coloniais (XVI ao XIX) e durante o Império (XIX), inúmeros ritmos nasceram no Brasil ou aqui encontraram uma nova forma de expressão. Nesse caso se enquadram, por exemplo, o lundu, o tango, a valsa, a modinha e a polca.

No final dos oitocentos apareceram os primeiros grupos de chorões, músicos populares – na sua grande maioria carioca – que se apropriaram (no bom sentido do termo), de ritmos europeus como a polca e a mazurca e passaram a tocá-las de modo singular. Assim nasceu o chorinho, ritmo capaz de traduzir em sons os comportamentos, sentimentos e valores caracteristicamente nacionais.

Já no século XX, músicos de talento indiscutível como Donga, Ernesto Nazareth e Pixinguinha, contribuíram para transformar o chorinho e o samba urbano em sinônimos de brasilidade.

Desde a virada do século XIX para o século XX proliferaram nas cidades brasileiras as bandinhas, liras e conjuntos musicais, que, na maioria das vezes, costumavam apresentar um repertório bastante variado, indo do popular ao erudito. Neste cenário surgiram em Ponta Grossa a Banda do Seu Camargo, a Aurora Pontagrossense e a tradicional Banda Lyra dos Campos de Jacob Holzmann.

A partir da década de 1920, o jazz, ritmo derivado do blues e das work songs dos trabalhadores negros norte-americanos, espalhou-se pelo mundo e chegou ao Brasil, seduzindo músicos e rapidamente ganhando um formidável número de apreciadores.

Como conseqüência começaram a surgir conjuntos que passaram a tocar o jazz com uma pitada verde-amarela.

Num curto espaço de tempo os grupos de jazz obtiveram grande sucesso e tornaram-se presença constante em festas cívicas, bailes, filmes (no caso do cinema mudo), clubes sociais, comemorações familiares etc.

Seguindo tal tendência, um grupo de músicos ponta-grossenses, originários da Orquestra Wagner, criou o Guarany Jazz Band. Entre os músicos presentes na origem da banda estavam Max e Jacob Wagner, Aldebaran Alves, Nestor Rosa, Durval Andrade entre outros.

Na década de 1940, Calistrato Sanson, pistonista dos bons, passou a integrar o Jazz Guarany e, pouco depois, assumiu a direção do grupo, permanecendo nessa posição até a extinção da banda em 1962.

O maestro Sanson, lamentavelmente falecido no final de 2007, pode ser compreendido como um dos grandes expoentes da história da música ponta-grossense. Além do Jazz Guarany, integrou a Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa e contribuiu para a formação de um incontável número de jovens músicos locais.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 13 de janeiro de 2008.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.