Coluna Fragmentos: A alma encantadora das ruas | aRede
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Coluna Fragmentos: A alma encantadora das ruas

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

JM do dia 02 de outubro de 1984. Matéria sobre a solenidade de denominação de nomes para novas ruas em Ponta Grossa
JM do dia 02 de outubro de 1984. Matéria sobre a solenidade de denominação de nomes para novas ruas em Ponta Grossa -

João Gabriel Vieira

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Como definir uma cidade? Como podemos estudar ou compreender o seu pulsar? 

Que características lhe dão forma e forjam a identidade de seus habitantes? Estas são perguntas que podem ser respondidas de formas diversas!

Por exemplo: se partirmos do elemento humano perceberemos que o processo histórico e as práticas sócio-culturais são elementos que nos ajudam compreender como tem origem e se desenvolve uma cidade. Nesse caso, notamos que cada cidade é singular e única. 

Porém se olharmos do ponto de vista físico (não me refiro aqui aos fenômenos geográficos) perceberemos que existem elementos comuns que compõem qualquer cidade. As praças, edificações, templos religiosos, ruas e passeios públicos, constituem um conjunto de elementos a partir dos quais uma cidade se estrutura. É praticamente impossível conceber uma cidade sem tais componentes.

A rua é um espaço público por natureza. Marcada pela pluralidade, pelas contradições e pelos conflitos, é um local de encontro e de trânsito permanente entre pessoas, animais, mercadorias, automóveis e informações. No dizer de João do Rio, o mais famoso cronista carioca do início do século passado, as ruas possuem uma alma encantadora por conta de seu movimento, seu burburinho constante e pela multiplicidade de cores, padrões, usos, gentes e sons que exibem.

Para arquitetos e urbanistas, as ruas cumprem a função indispensável de ligar os espaços públicos aos universos privados. Por sua vez, para a sociologia, a geografia e a história, a rua é percebida como um espaço no qual as relações sócio-culturais se estabelecem. Nesse sentido, as ruas se constituem naquilo que o sociólogo inglês Richard Senett [O Declínio do Homem Público, Cia. das Letras, 1988] denomina de theatrum mundi, ou seja, um espaço público de confluência e encontro indistinto de pessoas, no qual manifestações e representações que compõem uma determinada cultura e uma determinada identidade podem ser encontradas.

No caso de Ponta Grossa, a Rua XV de Novembro apresentou-se, nas décadas iniciais do século XX, como o principal ponto de confluência da população local, ou, em nosso theatrum mundi, como definiria Senett. Os cinemas, bares, casas comerciais e cafés serviam como elementos de atração, e somados ao footing – prática comum até a década de 1930 – tornavam a rua o palco perfeito para as práticas de lazer e sociabilidades entre os ponta-grossenses, revelando traços da identidade princesina do período.

Entre 1934 e 1944 Ponta Grossa passou por um processo de reforma urbana coordenada por Albary Guimarães, prefeito que governou a cidade durante todo esse período. Nessa reforma, Guimarães criou o Instituto Pasteur e a Maternidade Pública, remodelou o Cemitério Municipal, expandiu a rede de água e esgoto, criou um Asilo Noturno e postos de puericultura para a população de baixa renda. Também ampliou o calçamento e a iluminação das principais vias da cidade, além de reestruturar o sistema de emplacamento das ruas de todo perímetro urbano. Como a cidade vivia um processo de expansão acentuada, era comum naquela época se encontrar ruas sem denominação oficial ou, em alguns casos, com mais de um nome. 

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 20 de janeiro de 2008.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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