Coluna Fragmentos: Da Mulher para a Mulher – o feminismo e suas reivindicações | aRede
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Coluna Fragmentos: Da Mulher para a Mulher – o feminismo e suas reivindicações

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

No dia 4 de novembro de 1954 o JM publicou a coluna intitulada Da Mulher para a Mulher
No dia 4 de novembro de 1954 o JM publicou a coluna intitulada Da Mulher para a Mulher -

João Gabriel Vieira

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No dia 4 de novembro de 1954 o Jornal da Manhã publicou matéria com orientações às mulheres sobre assuntos do lar, que iam desde cozinha, limpeza, costura e beleza. O texto se preocupava em dar dicas sobre como preparar receitas que agradassem maridos e filhos, contava com formas de limpeza eficazes e que não tomassem muito tempo e trazia referencias de comportamento e cuidados estéticos.

Tais assuntos recebiam destaque semanal no jornal através da coluna “Da mulher para a Mulher”, acompanhando uma tendência mundial de publicações voltadas para o público feminino e que serviam como uma fórmula universal para cuidar da casa, do marido e dos filhos. Para a feminista norte-americana Betty Friedan na concepção vigente da época a mulher verdadeiramente feminina não desejaria seguir carreira ou lutar, mas sim preparar-se para ser mãe e esposa.

Assim, a cozinha era vista e vivida como o centro da vida feminina, e, ao menos na teoria, a realização das mulheres deveria se dar pelo consumo e pela maternidade. Quando estas trabalhavam fora de casa sua função estava ligada a cuidados, atuando em profissões como enfermeiras, professoras, secretárias, cozinheiras ou domésticas.

É evidente que tal situação não era aceita de maneira igualitária entre todas as mulheres e sentimentos de insatisfação, incompletude e revolta surgiram como uma reação ao que era considerado o universo e o comportamento feminino ideal a ser seguido.

Segundo a historiadora Joana Pedro foi no final do século XIX que tiveram origem as primeiras manifestações feministas centradas nos direitos políticos, como o de participar das eleições, votando e sendo votadas e também as dedicadas para o social e para o econômico, com reivindicações que clamavam por trabalho remunerado e estudo.

Depois da Segunda Guerra Mundial, principalmente a partir da década de 1960 surgiu o feminismo de “segunda onda” que, influenciado especialmente pela francesa Simone de Beauvoir, priorizava as lutas pelo direito ao corpo, ao prazer e contra o patriarcado que subordinada as mulheres ao mundo masculino, considerado superior.

Tal movimento assumiu diversas facetas. Algumas mulheres, chamadas de diferencialistas buscavam a feminização do mundo, enquanto as igualitaristas reivindicavam que as mulheres tivessem igualdades de condições e direitos como os homens na esfera pública.

Apesar destas diferenças, o feminismo uniu-se por questionar as relações de poder, a opressão e a exploração, propondo transformações sociais, econômicas, políticas e ideologias que hoje, graças a luta de muitas mulheres, se encontram em caminho de viabilização. 

Se no passado buscou-se a igualdade, atualmente, como afirma a militante feminista Maria Amélia de Almeida Teles, busca-se a afirmação da diferença, que não seve ser compreendida como uma desigualdade, mas como uma ascensão histórica da identidade feminina, que não se configura como estática ou única, mas sim marcada pela pluralidade, diversidade e pela sua constante reconstrução.

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No Brasil

Ainda durante o século XIX pode-se observar sinais do movimento feminista no Brasil. Uma das primeiras mulheres brasileiras a lutar por direitos das mulheres foi Nísia Floresta Brasileira Augusta, que defendeu a abolição, a educação feminina e a emancipação da mulher. No século XX, na República, que foi marcada por um regime patriarcal de dominação, operárias realizaram greves por melhores condições de trabalho nas fábricas. Nesta mesma época iniciaram as reivindicações pelo direito de voto, que só se tornou realidade na década de 1930. Nos anos 60, apesar da repressão da Ditadura Militar, as influências da Revolução Cultural de 1968 afetaram nosso país e protestos e ações em busca de autonomia e igualdade foram postos em prática. A partir dos anos 80 e 90 questões relacionadas a violência contra a mulher, a sexualidade, a natalidade, a saúde, ao aborto, ao prazer e a opção sexual começaram a ser discutidas pela sociedade em geral, gerando debates que ainda nos acompanham.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 13 de fevereiro de 2011.

Coluna assinada por Amanda Cieslak Kapp, historiadora, doutora em história pela UFPR e professora da Unibrasil e do Instituto Federal do Paraná/Campus Pinhais.

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