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Coluna Fragmentos: A relação humana com o sobrenatural

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

No dia 06 de novembro de 1954 o JM publicou notícia sobre o suposto aparecimento de um disco voador no estado de Santa Catarina
No dia 06 de novembro de 1954 o JM publicou notícia sobre o suposto aparecimento de um disco voador no estado de Santa Catarina -

João Gabriel Vieira

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No dia 06 de novembro de 1954 o Jornal da Manhã publicou notícia sobre o suposto aparecimento de um “estranho” objeto, identificado como sendo um disco voador, por um “idôneo madeireiro” morador de Santa Catarina.

A relação que a sociedade estabelece com tais tipos de notícia não representa apenas novas discussões e definições nos campos da ciência, da filosofia e da religião, por exemplo, mas exemplifica a forte e constante presença do desconhecido e do inexplicável no imaginário popular.

É possível perceber, através de fontes como pinturas, mitos, lendas, livros, músicas, religiões entre outras, o quanto o desconhecido gera medo, incerteza, fascínio, horror, contemplação, desconfiança e estranheza nos mais diversos grupos sociais, desde os primórdios da humanidade.

Ao longo da história, o enfoque para com o desconhecido se transforma de acordo com os questionamentos e as ideias características de cada momento. Se a partir de meados dos Novecentos, mais precisamente durante o ano de 1947, com a observação, pelo piloto americano Kenneth Arnold, de nove objetos em forma de disco, com luz própria e alta velocidade, as discussões sobre ufologia (termo utilizado para definir pesquisas com objetos voadores não identificados) ganharam destaque mundial e se encontram cada dia mais presente nas pesquisas e na imaginação popular, outros temas fascinaram o homem de acordo com a época vivida.

Para o historiador Carlos Roberto Nogueira, a presença da figura do demônio corresponde muito bem, na sociedade cristã ocidental, a construção de um símbolo e de uma imagem, que representa e une a “realidade” e o “imaginado”, o mundo dos vivos e o dos seres sobrenaturais e que serve principalmente, a partir do medo e do pavor que causa, antes de tudo por se constituir como sendo uma figura desconhecida, controlar os impulsos e incentivar o bom comportamento.

Durante a Idade Média e principalmente, durante o início da Idade Moderna, época marcada pelo retomada dos estudos clássicos dos greco-romanos e pelo nascimento de um discurso científico e prático, preocupado com novas descobertas, como as traduzidas pelas grandes navegações, por exemplo, o medo dos mares e dos oceanos até então inacessíveis, dos monstros marinhos e de que seres e animais que seriam encontrados nas terras recém-descobertas povoaram a imaginação dos marinheiros e da população que ouvia suas histórias.

Assim, pode-se afirmar que, independente da época ou da sociedade em questão, a presença de elementos desconhecidos e inexplicáveis é constante na vida dos homens, sendo este mesmo desconhecido, que de um momento para outro passa a ser constituir como um elemento “normal”, corriqueiro ou sem importância, é incentivador de sentimentos de curiosidade, inquietação, incompletude que dão origem a novas descobertas, fórmulas, experiências, explicações e também a novas dúvidas e perguntas.

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Na literatura e no cinema

A questão do desconhecido e do sobrenatural se encontra tão enraizada no imaginário popular que permeia todos os tipos de produções artísticas. Na Literatura podem-se citar os livros escritos durante a Idade Média e a Idade Moderna que descreviam as viagens imaginárias e também as empreendidas a lugares até então desconhecidos, como o Romance de Alexandre, que pretendia relatar as façanhas de Alexandre o Grande, e o Livro das Maravilhas, de Mandeville. Pode-se incluir neste grupo o livro A casa dos espíritos, de Isabel Allende, que mais tarde foi adaptado para o cinema, e os escritos de Edgar Allan Poe e Jules Verne, que reuniam ficção científica e fantástica. No cinema produções como Guerra nas Estrelas, O Exorcista, os filmes de José Mojica Marins, o famoso Zé do Caixão, o inesquecível e carismático E.T. – o Extraterrestre , e os recentes Distrito 9 e Avatar suscitaram e ainda geram discussões acerca do desconhecido, do sobrenatural.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 20 de fevereiro de 2011.

Coluna assinada por Amanda Cieslak Kapp, historiadora, doutora em história pela UFPR e professora da Unibrasil e do Instituto Federal do Paraná/Campus Pinhais.

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