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Coluna Fragmentos: A vacina é a sua melhor defesa

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

Em 11 de maio de 1975 o JM publicou um anúncio lembrando aos leitores sobre a necessidade da vacinação contra a meningite
Em 11 de maio de 1975 o JM publicou um anúncio lembrando aos leitores sobre a necessidade da vacinação contra a meningite -

João Gabriel Vieira

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Médico e escritor gaúcho de origem judaica, Moacyr Scliar, falecido há exato um mês, ocupa lugar de destaque na literatura brasileira contemporânea. Autor de crônicas, contos e romances, Scliar também produziu inúmeros textos a respeito da história da medicina no Brasil. Ao falar sobre o nascimento de uma ideia de saúde pública em nosso país, afirmou que as primeiras noções nesse sentido são encontradas desde as tribos que habitavam o território brasileiro antes da chegada da colonização portuguesa.

Nesse sentido, destaca a importância da existência de um forte sentimento de grupo e de uma sólida noção de sociedade entre os nativos e ressalta o papel ocupado pelo pajé, misto de curandeiro, mágico e médico que tinha a função de curar as doenças do corpo e do espírito dos seus pares. No entanto, uma noção de saúde pública, assentada em práticas institucionalmente organizadas e legitimadas tanto pela sociedade quanto pelas autoridades sanitárias e pelo Estado brasileiro, foi algo que nasceu tardiamente em nosso país. 

Concretamente, só é possível falar dessa saúde pública no Brasil a partir do início do século XX. Até então, o que se viam eram ações pontuais e emergenciais promovidas pelos governos da colônia e do império a cada nova epidemia que eclodia no território brasileiro. Ainda assim, nas primeiras décadas do século passado o que predominavam eram as chamadas “campanhas sanitárias”, ou seja, as políticas sanitárias permanentes eram raras e quando implantadas atendiam, sobretudo, os grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo. Geralmente as práticas sanitárias implementadas pela República no começo dos Novecentos, apesar de corretas do ponto de vista do controle das epidemias, eram caracterizadas pela ausência de explicação junto as populações atingidas por tais medidas. Isso explica, por exemplo, a ocorrência de revoltas que, num primeiro momento, podem parecer irracionais, como é o caso da Revolta da Vacina ocorrida na cidade do Rio de Janeiro em 1904. 

Naquele ano uma grande epidemia de varíola, sarampo e febre-amarela atingiu a capital do país. A reação do governo foi imediata: ordenar a vacinação obrigatória de toda e qualquer pessoa que morasse ou que estivesse na cidade. Em que pese a pertinência dessa prática, a maneira adotada pelas autoridades foi a pior possível: ao invés da explicação sobre os motivos dessa atitude e dos efeitos provocados pela vacinação em massa, o que se viu foi a utilização da violência física, com pessoas sendo presas, agredidas e obrigadas a tomar a vacina sem ao menos entender o motivo de tal procedimento. 

A reação foi imediata: pessoas de todas as classes sociais se voltaram contra a vacinação obrigatória. A maior parte por desconhecer a importância da imunização, outros tantos por pura indignação contra a forma truculenta de agir da República brasileira, aliás, uma prática comum na história brasileira.

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Década de 1970 

Em meados da década de 1970 o Brasil foi atingido pela maior epidemia de meningite já registrada em nosso país. Provocando a morte de diversas pessoas, a doença causou pânico entre a população brasileira e obrigou o governo federal a implantar uma massiva campanha de vacinação com o objetivo de evitar maiores danos. Em Ponta Grossa a doença também fez vítimas e foi tema de diversos artigos e de várias peças publicitárias no Jornal da Manhã nos anos de 1975 e 1976.

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As campanhas de vacinação 

A primeira campanha de vacinação no Brasil ocorreu em 1804, ainda no período colonial, no entanto foi a partir de meados do século XIX que tal prática se tornou mais comum. Desse momento em diante, a medicina bacteriológica foi ganhando força no país e foram criados os primeiros institutos vacínicos brasileiros como, por exemplo, o Instituto Vacínico Federal, o qual, em 1919, passou a se chamar Instituto Oswaldo Cruz, instituição que até hoje é uma referência em termos de saúde pública no país.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 27 de março de 2011.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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