Coluna Fragmentos: Heitor Ditzel e o jornalismo político ponta-grossense | aRede
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Coluna Fragmentos: Heitor Ditzel e o jornalismo político ponta-grossense

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

A coluna Flashes Locais, assinada por Heitor Ditzel, foi um dos destaques do JM na sua edição de 10 de janeiro de 1957
A coluna Flashes Locais, assinada por Heitor Ditzel, foi um dos destaques do JM na sua edição de 10 de janeiro de 1957 -

João Gabriel Vieira

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O Jornal da Manhã em breve completará 57 anos de circulação ininterrupta. Criado por Petrônio Fernal, o JM chegou às bancas pela primeira vez no dia 04 de julho de 1954, ou seja, no momento da intensa agitação política nacional que culminaria, em 24 de agosto daquele mesmo ano, com o suicídio do presidente Getúlio Vargas. No ano seguinte, uma eleição direta escolheria o mineiro Juscelino Kubitschek como o novo presidente da República e iniciaria um novo ciclo político no país, inaugurando, ao mesmo tempo, uma nova fase no jornalismo nacional. 

Desde o seu nascimento, no século XIX, o jornalismo brasileiro se mostrou bastante vinculado ao debate político e as causas ligadas as transformações sociais. Desta forma, é possível afirmar que os dois grandes movimentos sociopolíticos que eclodiram no Brasil oitocentista – o abolicionismo e o republicanismo – encontraram no jornalismo um aliado de primeira hora. Essa tradição de envolvimento direto dos jornais e dos jornalistas com causas políticas se manteve ao longo de toda primeira metade do século passado.

Ao olharmos para a história ponta-grossense percebemos que por aqui também a tradição do jornalismo político intenso e combativo também se fez presente desde os seus primeiros tempos. Porém, em função das mudanças vivenciadas pela sociedade brasileira daquele período, a partir da segunda metade da década de 1950, os jornais brasileiros abririam espaços cada vez maiores para um estilo que privilegiava a informação e que separava as análises pessoais da transmissão objetiva das notícias. Mesmo assim, em Ponta Grossa, um jornalismo político voltado, principalmente, para as questões locais, marcou aquela década. A rigor, o próprio nascimento do JM está visceralmente associado a uma disputa política local entre os grupos capitaneados por José Hoffmann – então vinculado ao jornal Diário dos Campos – e por Petrônio Fernal.

Na década de 1950 inúmeros personagens do jornalismo político local se projetaram através dos escritos publicados tanto pelo DC como pelo JM, transpondo para as páginas desses periódicos a acirrada disputa que envolvia os partidos e os grupos que disputavam o controle político da cidade. Além de Hoffmann e Fernal, figuras como Nivon Weigert, Daily Luiz Wambier, João Vargas de Oliveira e Heitor Ditzel tiveram destacada atuação no jornalismo e na política local em meados do século passado. Ditzel militou em ambos os jornais, escrevendo diversos textos de cunho político e assinando uma das mais tradicionais colunas daquele período: “Flashes Locais”. Nesse espaço, o intelectual ponta-grossense registrou suas impressões sobre a vida política e cultural da cidade e se constituiu, durante muitos anos, em uma das principais referências do jornalismo local.

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Educador, jornalista e político

O ponta-grossense Heitor Ditzel era descendente de russos-alemães. Técnico em contabilidade e economista participou da criação do Colégio Comercial Estadual de Ponta Grossa, do qual foi o primeiro diretor e professor nas áreas de humanidades e contabilidade. Por sua erudição e respeito junto à comunidade local, foi convidado a atuar no Diário dos Campos. Após desentender-se politicamente com José Hoffmann passou a escrever no Jornal da Manhã logo após a criação deste veículo, tornando-se um dos maiores críticos de Hoffmann na década de 1950. Apresentado por Nelson Saldanha d´Oliveira (Páginas de Seis Vidas, 1986) como um “jornalista arguto e atilado, de pena brilhante e combativa”, marcou o jornalismo local por seu estilo culto e por sua preocupação com o cotidiano princesino. Eleito vereador em 1947, cumpriu dois mandatos na Câmara Municipal, foi seu presidente por duas vezes e ocupou interinamente o cargo de prefeito municipal de Ponta Grossa no ano de 1951.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 24 de abril de 2011.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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