Coluna Fragmentos: O vestibular no Brasil e em Ponta Grossa | aRede
PUBLICIDADE

Coluna Fragmentos: O vestibular no Brasil e em Ponta Grossa

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

No dia 05 de novembro de 1975 o JM noticiou a abertura das inscrições para o vestibular da UEPG
No dia 05 de novembro de 1975 o JM noticiou a abertura das inscrições para o vestibular da UEPG -

João Gabriel Vieira

@Siga-me
Google Notícias facebook twitter twitter telegram whatsapp email

Em dezembro de 1936, no salão nobre do Colégio Regente Feijó, ocorreu a criação da primeira instituição de ensino superior do interior do Paraná: a Faculdade de Farmácia e Odontologia de Ponta Grossa. Na década de 1930 o país assistiu ao nascimento de suas primeiras universidades e a multiplicação de faculdades pelas principais cidades brasileiras. As atividades da Faculdade de Farmácia e Odontologia tiveram início em 1937. Porém, em 1939, devido a uma série de disputas políticas locais e ao indeferimento do processo de reconhecimento da instituição pelo Conselho Nacional de Ensino, a Faculdade encerrou suas atividades antes mesmo da formação de sua primeira turma, frustrando as expectativas dos alunos e da própria comunidade ponta-grossense que aguardava a formação dos profissionais da área da saúde, considerados necessários pela sociedade local. 

Foi justamente no decorrer do processo de abertura da Faculdade de Farmácia e Odontologia que se promoveu pela primeira vez um concurso vestibular na cidade. As primeiras instituições de ensino superior criadas no Brasil foram as Faculdades de Medicina do Rio de Janeiro e de Salvador (ambas em 1834). Desse momento até o início do século XX, o número de faculdades existentes no país era bastante reduzido e privilegiava a formação de médicos, advogados e engenheiros. A partir da primeira década dos Novecentos, obedecendo ao projeto educacional republicano, percebe-se um aumento das faculdades no país e uma ampliação do número de vagas disponibilizadas nessas instituições.

Apesar da maioria da população brasileira do período ser analfabeta ou possuir alfabetização rudimentar, o número de candidatos já superava as vagas ofertadas pelas faculdades, o que levou ao surgimento do concurso vestibular no Brasil há exato um século, em 1911. Naquele ano uma lei federal determinou a obrigatoriedade da realização de um exame para a admissão dos alunos nas faculdades públicas existentes em todo o Brasil. Inicialmente a palavra vestibular não foi aplicada ao processo de seleção. Essa denominação, adotada no país a partir de 1915, deriva do latim “vestibulum” e significa “entrada” ou “intróito”. 

Nos primeiros tempos, a seleção dos alunos era feita a partir da realização de provas escritas e orais organizadas separadamente pelos cursos que compunham as faculdades. Com o gradual aumento da oferta de vagas e, consequentemente, do número de candidatos, as faculdades passaram a organizar concursos seletivos unificados. Diferente do que ocorre nos dias atuais, até meados do século XX, foi bastante comum que as vagas ofertadas nas faculdades brasileiras não fossem totalmente ocupadas, ficando, muitas vezes, ociosas. Tal fato pode ser verificado em nossa cidade, quando da realização do primeiro vestibular realizado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ponta Grossa, ocorrido em 1950.

Naquela ocasião, das 120 vagas disponibilizadas (40 para a licenciatura em História e Geografia, 40 para a licenciatura em Matemática e 40 para a licenciatura em Letras), apenas 87 foram preenchidas. Como não existiam mecanismos institucionais para a ocupação das mesmas, o comum era que elas não fossem efetivamente aproveitadas. Esse quadro mudou a partir da década de 1970 em razão do avanço do sistema educacional no Brasil, da formação em massa de um contingente de alunos no segundo grau (ensino médio) e da implantação de modalidades de redirecionamento de vagas (como a “segunda opção”). Desde então, o que se viu em todo país foi o gigantesco aumento do número de candidatos que passaram a disputar as vagas disponibilizadas pelas faculdades e universidades brasileiras.

.

Diferentes modalidades

Nestes 100 anos de existência, o vestibular mudou bastante no Brasil. Inicialmente foram as provas orais (em muitos casos elas foram realizadas até meados do século passado). Depois vieram as questões de múltipla escolha simples, as redações, as provas somatórias e descritivas, as fases iniciais eliminatórias, os vestibulares vocacionados, até chegarmos ao sistema de cotas e ao Processo Seletivo Seriado, empregados nos dias atuais.

.

O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 15 de maio de 2011.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

PUBLICIDADE

Participe de nossos

Grupos de Whatsapp

Conteúdo de marca

Quero divulgar right

PUBLICIDADE