Coluna Fragmentos: Vida longa aos discos de vinil! | aRede
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Coluna Fragmentos: Vida longa aos discos de vinil!

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

Um dos estabelecimentos varejistas mais tradicionais da história de Ponta Grossa, as Lojas João Vargas de Oliveira, anunciou a venda de discos de vinil no JM do dia 25 de agosto de 1962
Um dos estabelecimentos varejistas mais tradicionais da história de Ponta Grossa, as Lojas João Vargas de Oliveira, anunciou a venda de discos de vinil no JM do dia 25 de agosto de 1962 -

João Gabriel Vieira

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Por mais que, ao longo da vida, tenha patenteado cerca de dois mil produtos, o empresário norte-americano Thomas Alva Edson (1847-1931) ficou popular e eternamente conhecido como o inventor da lâmpada incandescente, essa mesma que ainda hoje muitos de nós acendemos toda noite, ao chegarmos em casa.

Mas além desse invento singelo e, ao mesmo tempo, indispensável ao mundo contemporâneo, Thomas Edson desenvolveu e patenteou objetos muito diferentes e ligados aos mais diversos setores industriais e tecnológicos, como, por exemplo, a indústria fonográfica. 

Em 1878, Edson patenteou o fonógrafo, um aparelho criado por ele no ano anterior e que possuia uma agulha metálica capaz de ler (decodificar) os sulcos contidos em um cilindro de cera e, a partir disso, gerar sons por meio de um diafragma. Traduzindo, Thomas Edson inventou o bisavô, ops... o tataravô dos toca discos e pick ups contemporâneos, e, desta forma, participou do desenvolvimento de uma das mídias sonoras mais importantes dos séculos XX e XXI: os discos de vinil!

Apesar do fonógrafo de Edson continuar sendo produzido até 1913, uma outra criação, desta vez assinada por um inventor germano-americano, foi decisiva para essa história. Em 1888, Emile Berliner criou um aparelho similar ao fonógrafo, porém com uma diferença fundamental: ao invés de usar um cilindro musical, ele desenvolveu um disco plano de 5 polegadas feito de cera que podia ter toda a sua extensão percorrida por uma agulha e que emitia os sons através de um cone.

No ano seguinte a invenção de Berlinger passou a ser produzida em escala industrial por uma indústria alemã com o nome de Gramofone. Pouco depois, na virada do século XIX para o XX, já existiam diversas versões e também concorrentes ao aparelho inventado por Emile Berlinger. Victor e Columbia logo se tornaram gigantes do ramo e desenvolveram discos de goma laca de dez polegadas que se popularizaram rapidamente.

Esses discos, os chamados “bolachões”, reinaram absolutos até 1948, quando começaram a circular os primeiros discos de vinil. Nesse ano a Columbia, nos Estados Unidos, e a Dóitx Gramofón, na Alemanha, lançaram seus primeiros exemplares em vinil. Mais leves, resistentes, com maior qualidade sonora e com capacidade de gravação de diversas músicas em cada face, o vinil logo deixou os bolachões na saudade e reinou absoluto no mercado até, pelo menos, o final da década de 1980, quando o Compact Disc surgiu prometendo substituir o antigo suporte em qualidade e praticidade. Depois disso ainda vieram o pen-drive, o mp3, as plataformas de streamings... tudo indicando que a morte do vinil não tardaria.

No Brasil, depois de uma fase em que foi execrado e que acabou se tornando objeto de sebos e museus, o vinil voltou a ganhar força na última década. As feiras de vinil, as lojas especializadas, o culto dos colecionadores, o surgimento de gravadoras (destaque para a Polysom), o avanço tecnológico das pick ups, a sedução das capas e dos encartes, são razões que explicam que em 2023, mais de um século e muitas mídias depois, o vinil continua mais vivo do que nunca!

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A Discolândia

Em Ponta Grossa, além das lojas de variedades – como a Blanc, a João Vargas e a Hermes Macedo – existiram diversas lojas especializadas na venda dos discos de vinil. Para quem tem mais de 50 anos, é impossível não lembrar da Discolândia, uma espécie de “Tower Records” princesina. As grandes bancadas carregadas de discos, os posters e cartazes gigantes nas paredes, as cabines revestidas de espumas e com grandes fones onde era possível ouvir os discos antes de compra-los, o envelope com uma imagem de vinil, a logo da loja e o registro comercial: “Comércio de Discos Targa LTDA”, certamente fazem parte de uma memória coletiva ponta-grossense sobre esse período.

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Conteúdo inédito.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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