Conjuntura requer cuidados com o orçamento em 2022

Economista dá dicas de como ter um ano novo com uma otimização na saúde financeira

Ano novo, vida nova. Essa é uma renovação de votos constante na virada de ano, para começar um novo período com mais confiança sobre realizações pessoais e profissionais. Porém a virada do ano já traz preocupações financeiras extras, como o pagamento de impostos e outras despesas. Após um ano com alta inflação, na casa dos 10%, o maior valor desde 2003, reduzindo o poder de compra dos brasileiros, há a necessidade de um planejamento financeiro bem estruturado para 2022, para superar as dívidas e despesas da melhor forma possível, gastando apenas o necessário e economizando dinheiro. Para isso, o doutor em economia, Emerson Hilgemberg, dá algumas dicas de como otimizar a vida financeira para 2022.

“A principal dica é sempre colocar tudo na ponta do lápis. Tentar buscar alternativas para pagar mais barato nos serviços, como com telefonia, internet, tentar renegociar planos - o mesmo também vale para a escolas. É o momento para as famílias reavaliarem suas prioridades com os gastos, discutir a adaptação de seu padrão à nova realidade, repensando o orçamento”, resume o economista. Ele ressalta a necessidade dessa reorganização diante de inúmeros fatores, como a inflação de 10,74% em 2011, a taxa Selic na casa de 9,25% - que encarece financiamentos e aumenta os juros de cheque especial e cartão de crédito -, a renda média que caiu, reduzindo o poder de compra, entre outras questões. “Com alto desemprego, salários mais baixos e alta taxa de juros, isso tem o problema com o potencial de inadimplência maior. A energia elétrica está mais cara, o aumento do petróleo faz subir a gasolina, o diesel, e o GLP, que é o gás de cozinha, e os alimentos estão mais caros, então toda essa conjuntura exige mais cuidados com o orçamento”, alerta.

Quanto aos tradicionais impostos que precisam ser pagos do ano, no caso do IPTU, em Ponta Grossa, por exemplo, não haverá um aumento extra pela atualização da Planta Genérica de Valores, mas haverá a reposição da inflação acumulada, neste caso na casa dos 10%. Ou seja, se o valor em 2021 era de R$ 500, em 2022 esse valor será de R$ 550. Porém, neste mesmo exemplo, quem optar por pagar à vista, até o dia 10 de março, irá pagar menos do que em 2021: R$ 467,50, se aplicados os 15% de desconto. “Esse desconto é atrativo. Se não conseguir à vista, para pagar em poucas parcelas, por exemplo em três ou quatro vezes, até vale a pena pegar um consignado”, orienta Hilgemberg.

Sobre o IPVA, que vence já em janeiro, para a maior parte dos donos de veículo, os valores tiveram uma alta devido à valorização dos veículos seminovos, o que gera um alerta aos proprietários. Neste caso, a valorização média foi na casa de 20%. Ou seja: quem tinha um carro avaliado em R$ 35 mil, que pagou R$ 1.225,00 de IPVA em 2021, em 2022 poderá pagar quase R$ 1.500,00 com uma valorização na casa dos 20%, neste mesmo imposto. “Com os carros novos e usados valorizados, o IPVA aumenta, porque no Paraná é 3,5% do valor do automóvel, pela tabela Fipe. E no IPVA o desconto por pagar à vista é de 3%, então não vale a pena buscar crédito, mesmo que seja consignado, para pagar em mais vezes, porque o desconto é pequeno”, informa.

Seguro automotivo também terá alta

Falando em carro, outra conta que vem no vácuo é o preço do seguro. Se o valor do automóvel subiu, é bom também ir preparando o bolso para um seguro mais caro para 2022. De acordo com Cassiano Montes, da Top Milenium Corretora de Seguros, essa valorização não refletiu exatamente na mesma proporção no aumento do valor do seguro. “Os seguros durante a pandemia estavam caindo de preço, porque diminuiu a circulação de automóveis e consequentemente diminui a sinistralidade. Acontece que agora voltou ao normal, os carros estão circulando, e o preço deu uma corrigida, e agora tem o maior agravante, que disparou o preço dos veículos. Teve casos de caminhonetes que subiram 42% em 12 meses, então é natural que o preço tenha subido. Mas não na mesma proporção – se pegar um aumento de 20% a 24% em um carro flex, o seguro subiu 10%, 12%”, explica. Para economizar, a recomendação é manter a apólice ativa. “Se você já tem seguro, vai pagar muito mais barato, porque além do desconto de renovação, o bônus, vai ter o desconto de fidelidade, que é grande, chega a ser metade do preço para quem não tem. O mais importante é manter o seguro ativo, porque tem pessoas que deixam de renovar, passam 2 meses, quer renovar e começa a pagar como se fosse um seguro novo, pagando dobrado”, conclui.

Compra de materiais escolares requer pesquisas

No âmbito dos estudos, as escolas particulares seguem diferentes bases para reajuste, dependendo dos investimentos realizados no decorrer do ano, mas geralmente, pelo menos o INPC é aplicado. Quanto aos materiais escolares, necessários para qualquer estudante, há reajustes em produtos que podem chegar a 30%, na comparação com o que foi 2020. Por isso, o economista dá uma dica importante: antecipar a procura, inclusive com orçamentos em lojas pela internet. “Estamos com uma taxa de câmbio bastante alta, e o dólar caro impacta em itens importados caros. E os itens de material escolar, em sua maioria, são importados. Então é preciso pesquisar muito. Não esquecer de fazer isso com prazo, pesquisar em lojas online, porque tendo tempo para receber, é possível conseguir bons preços, com descontos consideráveis, até pelos custos das operações físicas. Então é uma alternativa para pagar mais barato”, destacou Hilgemberg.