Duas histórias reais e uma reflexão sobre os efeitos contrários | aRede
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Duas histórias reais e uma reflexão sobre os efeitos contrários

Paulo Coelho

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O velho que atrapalhava tudo

G.I. Gurdjeff foi uma das mais intrigantes personalidades deste século. Bastante conhecido nos círculos que estudam ocultismo, é ainda ignorado como um importante estudioso da psicologia humana.

A história a seguir passa-se quando ele, já morando em Paris, criou seu famoso Instituto para o desenvolvimento do homem.

As aulas eram sempre bem concorridas. Mas entre os alunos, havia um velho – sempre de mau humor – que não parava de criticar o que ali era ensinado. Dizia que Gurdjeff era um charlatão, seus métodos não tinham qualquer base científica, e o fato de considerar-se um “mago” nada tinha a ver com sua verdadeira condição. Os alunos sentiam-se importunados pela presença daquele velho, mas Gurdjeff parecia não se importar.

Um belo dia, ele abandonou o grupo. Todos se sentiram aliviados, achando que dali por diante as aulas seriam mais tranquilas e produtivas. Para surpresa dos alunos, porém, Gurdjeff foi até a casa do homem, e pediu para que voltasse a frequentar o Instituto.

O velho recusou-se no início, e só aceitou quando lhe foi oferecido um salário para assistir as aulas.
A história logo se espalhou. Os estudantes, revoltados, queriam saber como um mestre podia recompensar alguém que não tinha aprendido coisa alguma.

- Na verdade, eu o estou pagando para que continue a dar suas aulas – foi a resposta.
- Como? – insistiram os alunos. – Tudo que ele faz vai totalmente contra aquilo que o senhor nos está ensinando!

- Exatamente – comentou Gurdjeff. – Sem ele por perto, vocês custariam muito a aprender o que é raiva, intolerância, impaciência, falta de compaixão.

“Entretanto, com este velho servindo de exemplo vivo, mostrando que tais sentimentos tornam a vida de qualquer comunidade um inferno, o aprendizado é muito mais rápido”.

“Vocês me pagam para aprender a viver em harmonia, e eu contratei este homem para ajudar a ensiná-los – pelo caminho oposto”.
Como atingir a imortalidade

Ainda jovem, Beethoven resolveu escrever alguns improvisos sobre músicas de Pergolesi. Dedicou-se durante meses ao trabalho, e finalmente teve coragem de divulgá-lo.

Um crítico publicou uma página inteira num jornal alemão, atacando com ferocidade a música do compositor.

Beethoven, porém, não se abalou com os comentários. Quando seus amigos insistiram para que respondesse ao crítico, ele apenas comentou:

- O que preciso fazer é continuar meu trabalho. Se a música que componho for tão boa como penso, ela irá sobreviver ao jornalista. Se tiver a profundidade que espero que tenha, ela irá sobreviver ao próprio jornal. Então, se este ataque feroz ao que faço for lembrado no futuro, será apenas para ser usado como exemplo da imbecilidade dos críticos.

Beethoven estava certíssimo. Mais de cem anos depois, a tal crítica foi lembrada num programa de rádio em São Paulo.
A essência da liberdade

A reflexão é de Viktor E. Frankl:
“Quando eu vivia num dos campos de concentração da Alemanha nazista, pude observar que alguns dos prisioneiros andavam de barraca em barraca, consolando outros, distribuindo suas últimas fatias de pão. Podem ter sido poucos, mas me ensinaram uma lição que jamais esqueci: tudo pode ser tirado de um homem, menos a última de suas liberdades – escolher de que maneira vai agir diante das circunstâncias do seu destino”.

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