München Fest, Centro Ecumênico e outras peculiaridades | aRede
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München Fest, Centro Ecumênico e outras peculiaridades

Afonso Verner

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Há exatos vinte dias a Câmara Municipal de Ponta Grossa votou, em primeira discussão, o projeto que, em tese, colocaria fim (ou dificultaria muito) a realização da München Fest. Depois de todo o fervor que envolveu o projeto (algo do tipo como "mexa no meu imposto, mas não mexa no meu chope"), vou usar esse privilegiado espaço para discutir e desmiuçar alguns fatos que passaram batidos nesse vendaval de emoções.

O repórter tinha acabado de escrever a reportagem, e o Facebook e outras redes sociais desse mundo infinito chamado internet já estavam cheias de manifestações contrárias e favoráveis a medida dos vereadores. Dentre os comentários, alguns vinham de colegas do mundo do Jornalismo - alunos e professores é ex-colegas de sala de aula eram os principais 'comentadores' do tão polêmico fato. A maioria deles questionava uma suposta falta de "objetividade jornalística" dos colegas da imprensa (inclusive eu).

A batata quente nem tinha esfriado, e a bancada cristã na Câmara já havia encontrado outro motivo para mexer com o que alguns teóricos da comunicação convém em chamar de Opinião Pública. Os vereadores Pastor Ezequiel (PRB) e Adélia (PSD) propuseram que a ainda 'inédita' Arena Poliesportiva Ponta Grossa fosse transformada em um centro ecumênico (que não é tão ecumênico assim, como veremos mais a frente). Sim, meus caros! Aquele grande elefante branco que consumiu incríveis R$ 7 milhões dos cofres públicos seria transformado em um local para cultos.

Todas essas notícias em um espaço de menos de 48 horas causaram um reboliço - alguns viam absurdo nas medidas propostas pelos vereadores, outros concordavam com as iniciativas. No meio de todo esse caldeirão de informações (que envolveu o sagrado chope da München e o uso de espaços públicos por igrejas), a razão ficou de lado em alguns comentários de internautas - até de quem deveria usar a racionalidade em todas as ocasiões.

Com a poeira já baixa e com as discussões girando em torno de outras questões, tomei a liberdade de voltar ao assunto para esclarecer alguns pontos cabulosos dos projetos que ficaram 'submersos' em meio a tanta contrainformação.

Quanto a Münchenfest, o projeto de lei aprovado em primeira discussão proibia (sim, com todas essas letras) que a Prefeitura da cidade desse qualquer tipo de apoio a eventos que comercializem bebidas alcoólicas. O "qualquer tipo de apoio" inclui, inclusive, o Centro de Eventos da cidade - ou seja, A Prefeitura não poderia ceder o local para que um empresário assumisse a Festa Nacional do Chope Escuro. No entanto, a medida em nada flertava sobre o apoio dado a eventos religiosos, por exemplo - o que deixou o projeto sendo mais do que "questionável".

No entanto, o ponto positivo da iniciativa está no fato de proibir a Prefeitura da cidade de oferecer apoio financeiro (cash vivo mesmo) a esse tipo de evento. Mas para um ponto positivo, existiam no mínimo três questões problemáticas na iniciativa.

Já quanto ao projeto que quer fazer da Arena Poliesportiva um Centro Ecumênico o problema é bem mais complexo. O texto da iniciativa diz que o local poderá ser cedido a "igrejas cristãs" para a realização de eventos religiosos. Opa! Se são apenas igrejas cristãs, o Centro não seria tão ecumênico assim, correto?! Sem contar o problema para explicar o desvio de função desse empreendimento ao Tribunal de Contas, por exemplo.

Pois bem! Como as discussões sobre esses assuntos tomadas por muita emoção e pouca razão, esses e outros aspectos importantíssimos dos projetos foram jogados para debaixo do tapete e não tiveram o mínimo de atenção devida. Dito isso, também é importante lembrar que as iniciativas ainda tramitam na Casa e devem receber algumas alterações importantes.

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