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A (in)existência de uma política para o Esporte no Brasil

Afonso Verner

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Em 2016 o Brasil sediará, pela primeira vez, uma edição dos Jogos Olímpicos e tem uma meta mais que ousada: o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) apresentou a ambição de ficar entre os 10 melhores países no ranking geral de medalhas. Além de ousada, a proposta apresentada em junho deste ano é descolada da realidade de um país que vive de talentos que sobrevivam a todo tipo de dificuldade e obstáculos.

A maior ilustração do descaso com o esporte a longo prazo está nas eleições deste ano: é só dar uma breve olhada nos programas de governo dos três principais candidatos. Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSD) e Aécio Neves (PSDB) tratam o tema de maneira superficial e sem importância devida.

Para ser metódico, como sempre disse um professor que tive na Universidade, fiz o download dos programas de governo dos três candidatos citados e com um control L a pesquisa está feita (bendita seja  a tecnologia).

A petista Dilma cita o termo "esporte" em dez vezes nas 38 páginas do programa proposto, Marina usa a palavra em 38 oportunidades nas 244 páginas do projeto e Aécio Neves cita palavra 19 vezes nas 76 páginas do documento protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Não pretendo entrar no mérito de cada proposta dos três principais presidenciáveis ou da falta delas. A ideia aqui é mostrar como os esporte de alto nível do Brasil é tratado apenas como resultado e nunca como projeto.

Algo do tipo já foi visto durante a Copa do Mundo - a seleção brasileira viveu dos lampejos de Neymar e quando o craque não esteve em campo o time, sem estrutura técnica e muito menos planejamento, padeceu diante da forte Alemanha.

Uma situação do tipo pode ser projetada para as Olimpíadas: esperar de atletas que lutam para sobreviver do esporte um desempenho excepcional é contar (mais uma vez) apenas com o talento nato e a força de vontade dos brasileiros.

A falta de compromisso (e planejamento) dos presidenciáveis com o tema é só a cereja do bolo. Em um país em que políticas públicas para o esporte são quase inexistentes, até mesmo o futebol profissional sofre - o movimento do Bom Senso é o exemplo claro disso.

Em 2016 o Brasil fará, como diz o jornalista Juca Kfouri, um comercial de si mesmo para o mundo durante um mês. Se nos campos de futebol (nossa especialidade), mostramos que somente o talento nato não resolve a situação, seria otimismo demais esperar que os atletas brasileiros expostos ao descaso estatal durante anos façam apresentações de gala e salvem o país de um vexame.

É quase como esperar que tivéssemos um Neymar em cada piscina, tatame ou pista de atletismo para representar o Brasil - o talento dos brasileiros é vasto e valioso, mas nada sobrevive ao descaso com o esporte profissional.

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