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Em tempos difíceis, respeito virou artigo de luxo

Afonso Verner

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2015 tem sido um ano difícil e sobre isso não há muita discussão. Afinal são seis meses de greves, crises econômicas, discussões sobre direitos sociais e trabalhistas, economia em recessão e mais uma penca de problemas que não estavam previstos no roteiro de ano inteiro, quem dirá concentrados e potencializados em seis meses de muita tensão.

Mas o ano também tem sido a prova de que o respeito, substância tão elementar nas relações humanas, está sem falta, quase em extinção. Não só na política (onde essa palavra tem um significado bem mais rarefeito e um tanto desconhecido) mas nas relações do cotidiano

Quer uma prova? Pouco mais de 70 dias de greve na rede estadual de ensino do Paraná e em vários outros setores colocaram colegas que trabalhavam há 20 anos (ou mais) em lados opostos, por exemplo. Mais que isso, uma situação extrema como essa fez com que essas pessoas que, muitas vezes, tem formação superior, mestrado, doutorado e PHD, perdessem o respeito uma pela outra, pela opinião alheia e pelo direito do outro de pensar diferente, de divergir.

Muitas vezes essa perca de compostura foi protagonizada nas redes sociais diante de um público sedento por esse tipo de discussão - quase como jogar carne aos leões.

Não só greves e paralisações colocaram o respeito em xeque. Discussões sobre maioridade penal, liberdade sexual e religiosa, igualdade social e outras pseudo polêmicas do século XXI mostraram que o respeito tem sido um elemento quase inexistente em muitos debates. Logo ele, essencial para qualquer relação humana.

Respeitar o outro é uma das primeiras lições que temos na vida. Talvez ela não tenha sido emoldurada em uma fórmula tão fácil de memorizar com a de bhaskara ou catalogada em livros obrigatórios para o vestibular, mas está presente na nossa vida desde que fomos obrigados a respeitar a fila indiana na pré-escola, por exemplo.

Até pouquíssimo tempo a falta de respeito poderia ser enumerada como característica essencial da política moderna. Mas se era exclusividade dos nossos representantes, esse aspecto essencial para a convivência humana se tornou artigo de luxo no cotidiano. E nunca é tarde para lembrar que os políticos são representantes da sociedade e, na maioria das vezes, um espelho de determinados setores sociais.

No século XIX, o filósofo e professor da Universidade de Genebra já discutia o respeito como condição do saber. O que mudou desde então?

“A bondade é o princípio do tato, e o respeito pelos outros é a primeira condição para saber viver.”  ―Henri Amiel


Duvida dessa falta de respeito generalizada? Tente dar uma olhada na timeline do seu Facebook, nos temas mais discutidos do Twitter ou tente presenciar uma conversa entre duas pessoas que divergem sobre um tema polêmico. Caso esteja tudo em paz, todos os envolvidos merecem uma medalha de honra ao mérito.

Até mesmo a Universidade, local historicamente conhecido como pluridisciplinar e de cultivo do saber humano, tem sido palco para barbaridades quanto ao direito do outro. Que o digam os professores violentamente desrespeitados no último dia 29 de abril no Centro Cívico de Curitiba.

Se já estava difícil para a classe média, imagina para a classe média sem respeito.

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