A vitória de Hamilton e a 'derrota' da Williams | aRede
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A vitória de Hamilton e a 'derrota' da Williams

Fernando Rogala

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O GP da Malásia da F1, disputado neste fim de semana, não foi dos mais emocionantes. A vitória ficou com Lewis Hamilton, que não teve adversários. Largou da pole, liderou quase todas as voltas (em uma ou duas, Hulkenberg ponteou a prova, quando o inglês da Mercedes fez sua primeira parada), fez a melhor volta e venceu. Hat Trick. E, tirando a confusão entre Magnussen Filho e Raikkonen logo no início, não tivemos mais emoções. Exceto pela mistura de sentimentos ao escutar as ordens para Massa, de que Bottas era mais rápido que ele - em uma mensagem clara que era para deixar seu companheiro, que vinha logo atrás, passar.

Os motivos da monotonia são claros: apensar de ter mais trechos de ultrapassagem que na Austrália, a 'poupança' de equipamento, economia de combustível e os cuidados com os pneus imperam mais que o ímpeto de tentar lutar por posições. Ninguém arrisca. E a soberania da Mercedes intriga.

Retornando ao Felipe. Como todos bem sabem, não pertenço ao grupo dos pseudo-patriotas do tipo 'nasci no Brasil, então tenho que torcer para brasileiros'. Então não vou explanar esse assunto apenas porque Massa é brasileiro. Se fosse outro piloto que passasse pela mesma situação, também entraria em detalhes - é claro, reconheço, que nem com tantos detalhes assim; aqui me retrato também pelo interesse desse assunto por aqui.

Vamos aos fatos do caso Massa:

Faltando três voltas para o final da prova, Felipe Massa, piloto da Williams, estava em sétimo, atrás de Jenson Button, da McLaren. Neste momento, o companheiro de Massa, o finlandês Valtteri Bottas, vinha mais forte e chegou no brasileiro. Bottas estava com os pneus mais novos, menos desgastados que os de Felipe e de Button. E, por outro lado, Massa passou um bom tempo atrás de Button, muitas voltas, sem ação, sem obter êxito em ultrapassar o inglês.

Foi então que ouvimos aquele repeteco do GP da Alemanha de 2010. Só faltou o sotaque ferrarista na pronúncia. "Valtteri is faster than you...". Qual foi a reação de Massa? Não deu um piu. E continuou fazendo a corrida do jeito que estava fazendo. Ele não obedeceu. Pouco depois, veio outra mensagem semelhante. E Massa continuou, como se o fone estivesse desligado. Na última volta, veio outra mensagem. E dizia que tudo bem, Bottas não iria mais atacá-lo, e que as posições seriam mantidas. No final, Massa, com cara de poucos amigos, disse que respeita seu trabalho. E Valtteri não gostou nada.

Massa errou ou acertou em desrespeitar as ordens? Rebato com outra questão: a Williams acertou ou errou em mandar uma mensagem dessas? A ideia era que Bottas pudesse passar Button e conseguir mais dois pontinhos para a equipe Martini. Mas a verdade é que foi uma atitude de total falta de sensibilidade da equipe inglesa. Todos bem sabem o estrago mental que causou aquela mensagem da Ferrari a Felipe. Massa, agora mais experiente, foi para liderar a Williams. Mas a contratante deixou a desejar com seu novo piloto.

Embora Bottas falasse ter certeza que ultrapassaria Button, restariam, na melhor das hipóteses, duas voltas para o ataque. Difícil saber se conseguiria. O engenheiro-chefe do time, Rod Nelson, depois falou que se Bottas não conseguisse passar Button, poderia até devolver a posição - o que deixa tudo mais estranho. Dificilmente iria tentar ultrapassar em uma volta, dizer que não conseguiria, e deixar Massa reultrapassá-lo a uma curva do fim. E quem garante que, numa tentativa desesperada dessas, Bottas não forçasse, tocasse em Button e/ou saísse da pista?

Massa bem falou que é muito cedo para fazer jogo de equipe. Estamos apenas na segunda etapa.  E também disse que dificilmente Bottas passaria Button. Em outras condições, o piloto certamente entenderia. Assim como ele abriu para Raikkonen e Raikkonen abriu para ele, no passado. Massa poderia até obedecer, mas certamente derrubaria sua moral novamente. Poderia passar outros meses sombrios, desacreditado, sem vontade. Até irrecuperável, na possibilidade mais extrema. Com essa atitude, Massa chama mais para si a responsabilidade. Sabe que, agora, vai ter que correr mais forte que nunca para provar sua força no grupo e que tem cacife para ser rápido e liderar a equipe .

A equipe Williams, certamente não gostou da atitude de Massa. Talvez podem até ter repensado depois. A conversa depois, a lavagem de roupa, deve ter sido das boas. Mas neste caso, o mais sensato seria dizer para  os pilotos manterem as posições, poupar equipamento e levar os carros até o fim. Em uma temporada de quebras, antes um ponto marcado que dois para o adversário.

O que a equipe conseguiu foi criar um atrito onde, aparentemente, havia um quase paraíso. Massa passa a ver a equipe com outros olhos, como 'alguém' que não sabe se pode contar. E a equipe vê em Massa alguém que não pode ter como um da 'equipe'. Uma espécie de infiel, um quase traidor das ideologias. Insegurança que não é boa para nenhum dos lados.

Para Massa, a melhor coisa foi ter desrespeitado as ordens. Mas, no geral, por uma ordem infeliz, a grande verdade é que todos saíram perdedores.

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